O Governo de Israel acusou esta quinta-feira o grupo islamita palestiniano Hamas de assassinar três dos quatro reféns israelitas em Gaza cujos corpos foram devolvidos na quarta-feira.

"Com base nas informações que temos em nossa posse, Ohad (Yahalomi), Tsachi (Idan) e (Itzik Elgarat) foram assassinados enquanto estavam em cativeiro em Gaza", escreveu o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, num comunicado.

O quarto corpo devolvido foi identificado como Shlomo Mansour. Israel anunciou em 11 de fevereiro que este refém foi morto no ataque de 07 de outubro de 2023 e o seu corpo foi levado posteriormente para Gaza.

Hoje, o Presidente israelita, Isaac Herzog, declarou que os corpos já haviam sido identificados, enfatizando a "obrigação moral" de "fazer tudo que fosse possível" para garantir a libertação de todos os reféns que ainda se encontram na Faixa de Gaza.

"Todos estes são casos humanitários e [estas pessoas] devem regressar", disse Herzog, acrescentando que partilhava "a imensa dor e tristeza" das famílias das vítimas.

O Hamas entregou na noite de quarta-feira os quatro corpos de reféns israelitas à Cruz Vermelha.

Israel tinha condicionado a libertação de um total de mais 600 palestinianos das prisões israelitas à identificação dos corpos dos quatro reféns. Além disso, pelo menos 445 residentes de Gaza detidos durante a guerra também deverão ser libertados, juntamente com outros 11 capturados antes do início da guerra. Outras 97 pessoas serão deportadas.

Um autocarro com prisioneiros palestinianos libertados por Israel saiu da prisão israelita de Ofer no início da madrugada de hoje em direção à cidade de Ramallah, na Cisjordânia, de acordo com uma transmissão em direto da Al Jazeera, canal de televisão do Qatar.

Uma agência ligada ao Hamas confirmou que um total de 43 pessoas foi libertado em Ramallah e Jerusalém.

Esta é a mais recente troca no âmbito da trégua negociada com a mediação de três países - Qatar, Egito e Estados Unidos - e que entrou em vigor em 19 de janeiro na Faixa de Gaza. A primeira das três fases do cessar-fogo termina no sábado.

O Hamas disse hoje que Israel "não tem escolha" senão iniciar negociações para uma segunda fase do cessar-fogo em Gaza. O grupo palestiniano defendeu que Israel não pode recorrer a "falsas desculpas" para fazer o processo falhar.

"Renovámos o nosso total compromisso com o acordo de cessar-fogo, com todos os seus detalhes e disposições, e [manifestamos] a nossa disponibilidade para iniciar negociações relacionadas com a segunda fase do acordo", anunciou o Hamas.

Em meados de janeiro, Israel e o Hamas chegaram a um acordo para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, bem como para a troca de 33 reféns israelitas por centenas de prisioneiros palestinianos.

Esta primeira fase culminaria com a entrega destes quatro novos corpos, embora durante as primeiras fases do pacto o acordo tenha sido posto em causa em várias ocasiões.

Dos 251 reféns sequestrados a 07 de outubro em Israel, 62 continuam detidos em Gaza, incluindo 35 mortos, segundo o exército israelita.

A guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza começou após o ataque do grupo islamita palestiniano ao território israelita em 07 de outubro de 2023, que fez mais de 1.200 mortos. Na Faixa de Gaza, a ofensiva militar israelita já provocou mais de 48 mil palestinianos mortos.