De acordo com Dujarric, que falava na sexta-feira em Nova Iorque, o ciclone deverá "provocar ventos e chuvas muito fortes" a partir de domingo, "o que poderá levar a inundações e deslizamentos de terra", desde logo na capital provincial de Cabo Delgado, a cidade de Pemba.

Adiantou que "cerca de 2,7 milhões de pessoas vivem na trajetória projetada do ciclone", entre Moçambique, Maláui e Comores.

"O Governo de Moçambique ativou sistemas de alerta precoce e disse estar abrindo espaços de alojamento", disse Stephane Dujarric.

Em Cabo Delgado, trata-se do segundo ciclone, depois do Kenneth, de categoria 4, ter atingido aquela região em 2019.

As autoridades moçambicanas admitiram na quinta-feira que cerca de 2,5 milhões de pessoas poderão ser afetadas pelo ciclone tropical Chido nas províncias de Nampula e Cabo Delgado.

"Nós achamos que podemos, inicialmente, começar a trabalhar com uma estimativa de cerca de 2,5 milhões de pessoas nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, que poderão ser afetadas e precisarão ser socorridas", disse a diretora nacional do Centro Nacional Operativo de Emergência (Cenoe), Ana Cristina, durante uma sessão extraordinária do órgão face ao alerta de ocorrência do ciclone.

O Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) moçambicano agravou o alerta perante a aproximação do ciclone tropical Chido ao norte do país, prevendo ventos até 220 quilómetros por hora (km/h).

Num aviso vermelho, o INAM reforça que aquele ciclone tropical evoluiu na quinta-feira para o estágio de "intenso", aproximando-se do canal de Moçambique.

Segundo as autoridades moçambicanas, o ciclone poderá afetar um total de cerca de 2,5 milhões de pessoas, mais de 300.000 das quais na província de Cabo Delgado e cerca de 2,1 milhões em Nampula, sendo os distritos de Memba, Mecuburi e Luala os que estão em maior risco nesta última província.

As autoridades apontaram ainda as províncias da Zambézia e Tete, no centro de Moçambique, e Niassa, no norte, como algumas que poderão ser também afetadas pelo mau tempo.

"Memba automaticamente vai ficar isolado do resto se [o ciclone] entrar por [lá]. É daqueles distritos que nós achamos que vai ser extremamente afetado e pode ficar isolado durante algum tempo", alertou o chefe do departamento de Gestão de Bacias Hidráulicas na Direção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos (DNGRH), Agostinho Vilanculos.

As autoridades moçambicanas avançaram que já foi ativado o alerta laranja devido ao ciclone, o que permite o desenvolvimento de ações para redução do impacto do sistema, entre as quais está a ativação dos centros operativos de emergência distritais e provinciais, sensibilização para a deslocação da população e posicionamento de meios e equipas no terreno.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.

Já na primeira metade de 2023, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afetaram mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, de acordo com dados oficiais do Governo.

 

PVJ (LN) // JMR

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