Os partidos pró-europeus da Roménia chegaram esta quarta-feira a acordo para formar um governo maioritário composto por grupos que tradicionalmente estavam em lados opostos e excluir os nacionalistas de extrema-direita que obtiveram ganhos significativos nas eleições de dia 01.
As forças políticas pró-ocidentais obtiveram a maioria dos votos, com o Partido Social Democrata (PSD), de esquerda, que liderou as sondagens, a chegar terça-feira a um acordo para formar uma vasta coligação com o Partido Nacional Liberal (PNL), de centro-direita, o reformista União para a Salvação da Roménia (USR) e o pequeno partido étnico húngaro UDMR.
As eleições legislativas foram precedidas por um escrutínio presidencial em que o candidato de extrema-direita Calin Georgescu venceu a primeira volta.
O surpreendente sucesso de Georgescu mergulhou o país membro da União Europeia (UE) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) numa grande agitação, com o surgimento de alegações de violações eleitorais e de interferência russa.
Dias antes da segunda volta das eleições presidenciais, a 08 deste mês, o Tribunal Constitucional romeno tomou a decisão sem precedentes de anular a corrida presidencial.
Segundo uma declaração da nova coligação, os partidos poderão apoiar um "candidato comum pró-europeu" nas novas eleições presidenciais, estando ainda por saber se Georgescu será autorizado a candidatar-se.
O Presidente romeno, Klaus Iohannis, cujo segundo mandato termina no final deste mês, disse que a nova data para a repetição das eleições presidenciais seria fixada quando o novo governo tomasse posse.
"Nos próximos dias, os quatro partidos e os representantes das minorias nacionais irão trabalhar num programa de governo conjunto, centrado no desenvolvimento e nas reformas, ao mesmo tempo que abordam as prioridades dos cidadãos romenos", refere o comunicado da coligação.
Elena Lasconi, a líder da USR que seria suposto enfrentar Georgescu na segunda volta das presidenciais, disse, após o acordo ter sido alcançado, que a Roménia está a atravessar "um período muito difícil" e que a redução das despesas do Estado e da burocracia fariam parte do programa de governo.
Em 2021, apesar de serem historicamente os dois principais partidos da oposição da Roménia que dominaram a política pós-comunista, o PSD e o PNL formaram uma coligação improvável, mas cada vez mais tensa, com a UDMR, que saiu do Governo no ano passado após uma disputa de partilha de poder.