Fações rebeldes assumiram o controlo do aeroporto de Aleppo, na Síria, e de locais estratégicos nas províncias vizinhas de Idlib e Hama, numa ofensiva contra as forças do regime de Bashar al-Assad, avançou uma organização não-governamental (ONG).

Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, o controlo do aeroporto internacional, nos subúrbios da cidade, foi assumido pelos 'jihadistas' do Hayat Tahrir al-Sham (HTS, em português Organização pela Libertação do Levante, também conhecido como Al-Qaeda na Síria) e pelos seus aliados.

A ONG referiu que os rebeldes também avançaram nas províncias de Idlib e Hama assumindo o controlo de "dezenas de localidades estratégicas sem qualquer resistência".

Rússia no terreno a ajudar Assad

Um ataque aéreo matou pelo menos 16 civis em Alepo, na Síria, avança o OSDH, referindo que a investida foi "provavelmente" efetuada pelas forças armadas russas, aliadas do regime sírio.

"Pelo menos 16 civis morreram e 20 ficaram feridos após aviões de guerra, provavelmente russos, atirarem contra veículos civis" num setor da cidade de Alepo controlado pelos rebeldes, afirmou a OSDH, que dispõe de uma vasta rede de informações na Síria, citada pela agência France-Presse (AFP).

Os 'jihadistas' e as fações rebeldes aliadas tomaram a maior parte de Alepo, a segunda cidade da Síria, após uma ofensiva 'relâmpago' que já fez mais de 320 mortos, segundo o OSDH.

As Forças Armadas da Síria já admitiram que o grupo rebelde, ajudado por "centenas de terroristas estrangeiros", recuperou "grande parte dos bairros de Alepo", e que aguardam por reforços para lançar a contraofensiva.

"As nossas Forças Armadas travaram batalhas ferozes", escreve o Ministério da Defesa da Síria num comunicado, no qual dá conta de que o ataque dos últimos dias a Alepo e Idlib, duas importantes cidades no noroeste da Síria, foi lançado pelo HTS e fez "dezenas de mortos e feridos".

Os telefonemas da Rússia sobre “perigosa” situação na Síria

Antes, a Rússia anunciou que discutiu com o Irão e a Turquia, em conversações separadas, a situação "perigosa" na Síria, após a captura pelos 'jihadistas' e seus aliados da maior parte da cidade de Alepo.

Durante o telefonema entre os chefes da diplomacia russa e turca, Sergei Lavrov e Hakan Fidan, "as duas partes manifestaram a sua profunda preocupação com o perigoso desenvolvimento da situação na Síria, ligada à escalada militar nas províncias de Alepo e Idlib", adiantou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

Lavrov e Fidan expressaram ainda "a necessidade de coordenar ações conjuntas para estabilizar a situação na Síria", refere o comunicado citado pela agência AFP.

Segundo a mesma fonte, já durante a chamada entre Lavrov e o seu homólogo iraniano Abbas Araghchi, os dois responsáveis diplomáticos "expressaram a sua extrema preocupação com a perigosa escalada da situação na Síria".

"Os ministros concordaram com a necessidade de intensificar os esforços conjuntos destinados a estabilizar a situação na Síria", salientou Moscovo.

Os 'jihadistas' do Hayat Tahrir al-Sham e as fações rebeldes sírias lançaram na quarta-feira uma ofensiva contra as forças do regime nas províncias vizinhas de Idlib e Alepo, tomando dezenas de localidades.

A Rússia e o Irão são os principais aliados do regime sírio de Bashar al-Assad, enquanto a Turquia apoia fações rebeldes no país.