Ligação turca entre Kokçu e Akturkoglu, cruzamento do segundo desde a esquerda e o medo de a bola chegar a Pavlidis a precipitar a decisão do central de Jose Fontán, que acabou a desviar para a própria baliza, traindo o guarda-redes Mantl. Até esse momento, ao 12.º minuto, a melhor e única oportunidade tinha sido construída pelos locais, com Trezza a medir mal, pecando por defeito, o chapéu a Trubin, com o gigante ucraniano a defender para canto. Também depois do 0-1, já aos 20, foram também os arouquenses os primeiros a ameaçar, com Jason a testar o golpe de vista do número 1 dos encarnados, que ainda viu pelo canto do olho a bola beijar o poste esquerdo.

No conjunto de Bruno Lage, desta vez, a dinâmica mais fluida esteve sobre a esquerda, pelas vezes que Akturkoglu foi acionado por Kokçu ou por Carreras, por comparação com a asa contrária, onde Bah ou Aursnes poucas vezes conseguiram encontrar espaço junto à linha ou em canais interiores. Ainda assim, foi de Di María o segundo melhor momento da primeira parte, numa iniciativa individual seguida de remate de longe, que levou Mantl a defesa apertada.

Sem bola, as águias também não estiveram tão coesas quanto isso, com espaço concedido entre os setores e que permitiu algumas iniciativas ao Arouca, ainda que com finalizações de fora da área. Quando as equipas voltaram aos vestiários pela primeira vez, a sensação de controlo de uma das partes na partida, apesar da maior percentagem de posse de bola, não existia. E, de certa forma, os homens de Vasco Seabra (na bancada, por castigo) podiam reclamar alguma injustiça no resultado, ainda que não de forma inequívoca. Na realidade, os jogadores do Benfica tinham errado demasiados passes, caído muitas vezes em posição de fora de jogo e criado poucas situações ofensivas.

Lage obrigado a mexer

O Arouca voltou ainda mais disposto a incomodar os encarnados, ainda que sem ameaçar ainda diretamente Trubin, o que também foi válido para os lisboetas e Mantl até aos 60 minutos, quando o excelente Tomás Araújo isolou Pavlidis e o germânico voltou a brilhar.

O treinador do Benfica sentiu necessidade de mudar e trocou a dupla turca Kokçu e Akturkoglu por uma teórica maior solidez com Barreiro e Beste. Se Jason ainda assustou Trubin aos 62 minutos, a partir daí os visitantes elevaram o ritmo em definitivo e chegaram ao 0-2. Mantl defendeu três bolas seguidas a Carreras (68) - após trivela e arrancada brilhante de Tomás Araújo - Beste e Pavlidis (69) e de novo grego (70), antes de derrubar Leandro Barreiro e obrigar Luís Godinho a marcar penálti, convertido por Di María (71).

Controlo nunca chegou

Com uma vantagem de dois golos no marcador, os encarnados poderiam ter finalmente encontrado o ritmo certo para garantir o controlo da partida, mas não só os arouquenses continuaram a tentar, como a defesa se mostrava algo permissiva. Yalçin e Gonzálbez, por exemplo, ainda ameaçaram no jogo aéreo. Só que Trubin, com ajuda do poste, resistiu até final.

No Benfica vive-se, para já, a Lei de Lage, a antítese da de Murphy. Com um autogolo e um penálti convertido, os encarnados ficaram a saber que quando corre bem pode acabar por correr ainda melhor.