A poucos meses de encerrar a carreira de futebolista, André Leão colocou Vítor e Pizzi entre os melhores com quem jogou e recordou Ruben Amorim, com quem jogou nas seleções jovens, como alguém que "já mostrava liderança".

"Joguei com o Ruben [Amorim] num torneio pela seleção de sub-20 e era uma figura. Sempre muito 'palhaço', queria brincar com toda a gente, mas o seu humor tinha bom gosto e era inteligente, sem entrar na estupidez, como ficou patente em todas as suas intervenções como técnico", disse André Leão, à agência Lusa.

Com os mesmos 39 anos de Cristiano Ronaldo, também ainda no ativo e com quem nunca se cruzou, ou do já 'aposentado' Ruben Amorim, o médio que este ano regressou ao Freamunde, nos distritais do Porto, confessou-se "um pouco surpreendido" com o percurso do agora técnico dos ingleses do Manchester United.

"Se calhar, não esperava esta ascensão tão rápida enquanto treinador, embora, já na altura, se notasse que [o Ruben Amorim] tinha liderança e gostava de organizar os grupos", recordou.

O experiente médio foi mais tarde colega no Paços de Ferreira de Vítor, Luiz Carlos e Pizzi, jogadores que destacou dos demais.

"O Vítor era um médio com muita qualidade, mas o Luiz Carlos, igualmente muito bom, trabalhava mais, sem esquecer o Pizzi. Connosco, em Paços, era um extremo que não defendia simplesmente, surpreendendo a sua evolução em campo no Benfica, com Jorge Jesus, que tirou dele toda a muita qualidade que todos já lhe reconhecíamos", analisou.

No seu início da carreira, no ano de estreia na I Liga, ao serviço do Beira-Mar, com apenas 21 anos, André Leão foi colega do internacional brasileiro Jardel, a quem destacou "a faceta engraçada" e "o lado humano", assegurando que, mesmo numa fase descendente da carreira, "tinha uma qualidade muito acima do normal".

"[O Jardel] Era muito engraçado e tinha um bom coração. Foi quem me praxou no Beira-Mar, ao barrar os meus chinelos de manteiga enquanto os restantes colegas me distraíam, com a cumplicidade do 'mister' Inácio. E, no campo, já um pouco gordinho, era uma mais valia. Fosse de cabeça ou com o pé. Não joguei com outro igual", recordou.

Anos depois, em Valladolid, em Espanha, André Leão terá encontrado, "provavelmente, o grupo com mais qualidade", no qual, se tem continuado, teria à sua disposição o contrato de uma vida, "entre os dois e três milhões de euros".

A inadaptação do filho, sobretudo, fê-lo regressar a "um Paços diferente, muito longe do aspeto familiar que caracterizava a equipa" e da qual viria a despedir-se dois anos e meio depois.

"Por tudo o que passei no clube de que muito gosto e onde vivi, se calhar, os melhores momentos da carreira, esperava outra saída", confessou, sem deixar de referir "o ano top" passado no Salgueiros ou as "estruturas de primeira" que encontrou no também histórico Leça, antes de regressar este ano à 'casa de partida', convencido pelas palavras do presidente e do seu vice, antigos colegas da formação.

André Leão, que é ainda adjunto nos juniores, voltou a treinar à noite, quase duas décadas depois, quando começou a jogar no "clube do coração" com seis anos - dois abaixo do permitido, após uma captação em que o irmão ficou de fora --, e diz estar "mentalizado" para deixar o que sempre quis fazer.

"Espero tirar em breve o curso de treinador e continuar com os miúdos. Procuro também outra ocupação fora do futebol -- até para avaliar o nível de dependência daquilo que foi a minha vida profissional. Foi um percurso bonito, muito tempo entre a elite, mas, se calhar, podia ter ido mais além. Só me faltou mesmo a seleção principal, como várias vezes chegou a ser falado", concluiu.