Não era o jogo mais promissor do fim de semana de Primeira Liga e é certo que não durará muito tempo na memória dos adeptos que o testemunharam. O Nacional e o Boavista, duas equipas em grande necessidade de pontos, batalharam durante 90 sem nunca conseguir marcar. Um ponto para cada lado, sendo que o dos visitantes será ligeiramente mais saboroso.
No regresso a casa, onde os resultados têm sido bem melhores do que fora, a equipa de Tiago Margarido tentou estabelecer-se desde o início como a força dominante em campo. Conseguiu, em parte, fazê-lo, embora isso também tenha tornado o jogo numa experiência mais frustrante.
Depois de um par de sustos nos minutos inaugurais, em que o Boavista pediu grandes penalidades ao árbitro em lances consecutivos, o Nacional começou a segurar a bola e a gerir o jogo com muita tranquilidade. Grande parte dessa posse foi de pouco risco, com os defesas centrais a serem os mais envolvidos, mas houve uma série de lances promissores, dois dos mais perigosos com o patrocínio de Butzke, que ainda busca o primeiro golo pelo clube.
Para chegar ao ataque ia valendo a qualidade técnica de Luís Esteves e também uma faixa esquerda em que Macedo estava claramente a sair por cima no duelo individual com Pedro Gomes. Isso empurrava os visitantes cada vez mais para trás, mas não invalidava que as suas únicas aventuras ofensivas fossem algumas das mais perigosas no jogo. Aliás, o único remate enquadrado da primeira parte foi dos visitantes, por Salvador Agra!
Avé César
O que mudou na segunda parte do jogo não foi o resultado - esse manteve-se até ao fim da forma que começou -, mas sim a proximidade do golo. Se na primeira parte o problema dos insulares foi que não conseguiram sequer acertar na baliza, então na segunda foi a dificuldade em superar o homem encarregue de a defender.
Macedo continuou a trabalhar intensamente pela esquerda, Butzke continuou a acreditar num golo que teima em não chegar e o lateral Gustavo García, pela direita, conseguiu mais do que uma vez criar lances flagrantes na área. Se não houve golo, foi porque César, dono da baliza axadrezada, cresceu até chegar a uma das suas melhores exibições no futebol português. Oito defesas, todas elas no segundo tempo!
Em vários momentos o Boavista pareceu determinado em segurar o ponto em vez de buscar mais dois, embora em certos momentos a qualidade individual de elementos como Onyemaechi e Miguel Reisinho fosse suficiente para motivar os homens de Bacci a ir um pouco mais longe no campo. Sem sucesso, é certo.
Entre momentos de desespero e outros de total indiferença, o relógio avançou e levou até ao fim uma tarde que, para todos os efeitos, não fugiu à banalidade. Nacional e Boavista, equipas que não jogavam há 20 e 21 dias, respetivamente, voltaram a não conseguir vencer.