No final do Farense-Gil Vicente, Tozé Marreco não foi à sala de imprensa do São Luís, surgindo João Rodrigues, presidente do Farense, que se mostrou revoltado com «situações» que têm prejudicado o clube algarvio. «É com muita tristeza que hoje faço algo inédito em quase nove anos à frente desta instituição. É a primeira vez que venho a uma conferência de imprensa. Não devia ser de forma nenhuma para dirigentes, mas sim para os protagonistas que são os treinadores e jogadores», começou por afirmar.
«Infelizmente, temos tido um acumular já há bastante tempo de situações que não nos deixam minimamente tranquilos, deixam-nos muito incomodados, em que constantemente há decisões que não entendemos e que são claramente prejudiciais para a entidade Sporting Clube Farense. Mais uma vez hoje, e não vou estar aqui a analisar o desempenho do senhor árbitro e da sua equipa, tivemos situações em que nos sentimos claramente prejudicados em várias decisões.»
«Para nos focarmos só aqui numa, o golo anulado, que não entendemos como é que, com as linhas que estão colocadas, esse golo poderia ser anulado ao Farense. Esta situação é o culminar de muitas outras que já tivemos, em que sentimos que a nossa instituição tem sido altamente prejudicada. Não é de agora, na última vez que o Farense foi despromovido na I Liga tivemos situações claramente contrárias à norma do futebol, com lances que nos prejudicaram fortemente.»
«Este ano, esta é o acumular de uma série de situações que novamente nos estão a prejudicar. Isto tem de parar. Apelo fortemente a todas as instituições que têm responsabilidade no futebol português, para o bem do futebol português, estas situações têm de imediatamente parar. Não pode continuar a haver regras que não são consistentes.»
«Temos um grupo que está extremamente aborrecido, quase que diria raivoso, mas podem ter a certeza que não está abatido. Estamos muito fortes e vamos continuar muito fortes, e este grupo vai conseguir os seus objetivos», disse ainda antes de responder às perguntas dos jornalistas.
«Não encontro justificação para isto. Mais do que tudo, é uma situação que todos os que estão no futebol e todos os elementos envolvidos sabem o que têm acontecido e o que está a acontecer. Não é positivo para a área, desporto ou indústria, chamem-lhe o que quiserem. É negativo. Lembrem-se, na última época em que fomos despromovidos, de um golo anulado ao Farense, por suposta falta de Gauld, que não tocou no guarda-redes adversário. Todos sabem, quem está dentro do futebol português sabe claramente que isto tem acontecido».
«Nós, felizmente, temos excelente relacionamento com todas as instituições, seja FPF seja Liga, seja órgãos de arbitragem, falamos constantemente e com o civismo devido com essas instituições, e vamos continuar a fazer isso. Mas isto tem de ser visto muito bem, porque não dignifica o futebol português», referiu, fixando-se no golo anulado a Tomané, aos 87 minutos: «Sinceramente, não é entendível como foi anulado. Falamos, falaremos novamente e não vamos parar de defender esta instituição.»
O presidente do Farense até desculpa os árbitros, apontando o erro ao VAR: «Estamos a falar de erros que são cometidos por seres humanos, e que são cometidos pelo árbitro no desenrolar do jogo, e normalmente ele tem sempre o maior elemento de desculpa em tudo o que faz em situações rápidas e difíceis de ajuizar a 100%. Os treinadores erram, os jogadores erram, os árbitros têm direito a errar, mas não devem é errar, na minha ótica, consistentemente contra esta instituição. Eu tenho menos margem para desculpar quem está a gerir o processo com o apoio de televisões, neste caso o VAR, e fui dos maiores apoiantes para a sua instituição. Sugiro que vejam as linhas e vejam o posicionamento. Basta ver na televisão. Demorou muitos minutos para ser estabelecido que estava fora de jogo por sete centímetros. Sete centímetros num campo de mais de 100 metros é uma coisa impressionante.»