O CEO da Audi Gernot Döllner rejeitou especulações de que a participação minoritária da Autoridade de Investimento do Qatar (QIA) no projeto de Fórmula 1 da Audi está ligada às dificuldades financeiras mais amplas que a sua empresa-mãe, Volkswagen Group, enfrenta.
Apesar dos relatos de vendas em declínio na Europa, potenciais encerramentos de fábricas e mais de 30.000 empregos em risco, Döllner enfatizou que a aventura da Audi na Fórmula 1 é um investimento estratégico destinado a transformar a marca, e não um resgate ligado às pressões financeiras atuais.
Investimento da QIA no Projeto de F1 da Audi
A QIA, já o terceiro maior acionista do Volkswagen Group com uma participação de 17%, adquiriu uma participação de 30% na equipa de Fórmula 1 da Audi, supostamente por 350 milhões de dólares. O investimento visa reforçar os planos ambiciosos da Audi para transformar a equipa Sauber, que enfrenta dificuldades, numa entrada competitiva até 2026, quando a Audi entra na F1 como fabricante tanto de chassis como de unidades de potência.
Döllner esclareceu que as discussões com a QIA começaram muito antes de os atuais desafios financeiros da Volkswagen se tornarem evidentes.
Gernot Döllner:
“Não se pode construir um futuro apenas poupando dinheiro. É preciso investir. E temos de transformar a empresa. O projeto de F1 é uma parte integral dessa transição.”
A Transição Estratégica da Audi
Döllner, que se tornou CEO em Setembro de 2023, revisou o programa de F1 da Audi e decidiu que procurar um parceiro de investimento seria essencial para alcançar os seus elevados objetivos. Ele também fez mudanças significativas na liderança, incluindo a substituição de Andreas Seidl e Oliver Hoffmann por Mattia Binotto, o antigo diretor da Ferrari, como Diretor de Operações e Diretor Técnico.
Döllner:
“Quando assumi como CEO da Audi, revisámos o projeto. A questão era como proceder. Parte da decisão de apostar tudo foi perceber que precisávamos de parceiros para pensar em grande e construir uma equipa forte.”
O Papel da QIA na Visão da Audi
A parceria com a QIA é modelada com base em outras estruturas de equipas de F1, como a propriedade partilhada da Mercedes com INEOS e Toto Wolff. Binotto indicou que os fundos da QIA seriam destinados a abordar a “lacuna em relação às equipas de topo” e a construir uma equipa capaz de vencer campeonatos.
Mattia Binotto:
“O investimento é o que for necessário para fazer da equipa uma equipa vencedora. A lacuna em relação às equipas de topo hoje é significativa, e há muito que é necessário.”
Uma Mudança Mais Ampla nas Parcerias de F1
O acordo com a QIA alinha-se com uma tendência crescente de equipas de F1 que trazem parceiros significativos para partilhar custos e acelerar o desenvolvimento. Döllner insinuou a possibilidade de uma parceria mais ampla com a QIA, potencialmente incluindo direitos de nome, embora a Audi continue a ser o patrocinador principal da equipa.
Döllner:
“Neste momento, estamos a ter uma visão ampla sobre isso. Nenhuma decisão foi tomada até agora. Será definitivamente a Audi como patrocinador principal, e o futuro mostrará como a constelação evolui.”
Dificuldades Financeiras do Grupo Volkswagen
O Grupo Volkswagen, empresa-mãe da Audi, está a enfrentar a queda nas vendas na Europa e desafios significativos de reestruturação. Enquanto o CFO Arno Antlitz alertou que a VW tem “um ano, talvez dois anos, para mudar a situação”, Döllner enfatizou que o projeto da F1 permanece separado destas dificuldades financeiras.
Döllner:
“Isto não está relacionado com a situação da Volkswagen. A F1 é um pilar do futuro da Audi e um sinal de para onde queremos ir.”
Caminho da Audi para o Futuro
Com um investimento significativo da QIA e um compromisso claro com o futuro, a Audi pretende usar a sua entrada na F1 como uma plataforma para se reestabelecer como líder em inovação e desempenho. À medida que se aproxima 2026, todos os olhares estarão voltados para saber se este plano ambicioso conseguirá cumprir a sua promessa.