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Luís Montenegro falava na cerimónia de passagem de testemunho de Portugal para França da conferência das Nações Unidas sobre oceanos, ao lado do Presidente francês, Emmanuel Macron, que realiza hoje e sexta-feira uma visita de Estado a Portugal.
O primeiro-ministro começou por classificar como histórica a visita de Estado do Presidente francês a Portugal, salientando que tal não acontecia há 26 anos, e que começou a ser preparada quando se reuniu com Emmanuel Macron, em Paris, em junho do ano passado.
"Acertámos dar um novo impulso às relações bilaterais entre Portugal e a França. Nestes dois dias - para além de um vasto programa abençoado por uma chuva que inquieta o nosso programa desde o primeiro minuto, mas também abençoa -, a visita será marcada por um momento alto, a assinatura de um Tratado de Amizade e Cooperação, um instrumento determinante para o fortalecimento das relações bilaterais entre Portugal e a França nos próximos anos", afirmou.
No segundo dia da visita de Estado, no Porto, Portugal e França assinarão outros "nove instrumentos bilaterais, entre os quais esta Declaração Oceano", anunciou.
"Será mais um compromisso no qual vamos partilhar o nosso propósito de proteger e aproveitar o recurso que o oceano nos propicia e cuja responsabilidade temos todos diante de nós", afirmou.
Montenegro destacou que Portugal tem em França a sua maior comunidade emigrante, cerca de 1,2 milhões de portugueses e lusodescendentes, e o "número muito significativo de franceses a viver em Portugal", além dos muitos turistas.
"Temos trocas comerciais muito fortes, temos pontos de vista estratégicos para o desenvolvimento das nossas economias que são muito convergentes, temos empresas portuguesas com papéis importantes em França e temos empresas francesas com relevantes serviços a desenvolver em Portugal", frisou.
Na vertente dos oceanos, o primeiro-ministro salientou o sucesso da segunda conferência das Nações Unidas sobre esta temática, realizada em Lisboa em 2022 em coorganização com o Quénia, dizendo que a próxima, uma organização conjunta da França e Costa Rica, a decorrer em junho em Nice, "tem todas as razões para ser ainda melhor".
"Não esquecemos as nossas responsabilidades com as alterações climáticas, com a sustentabilidade global, mas também com o aprofundamento das oportunidades que os oceanos, a biodiversidade marítima e marinha oferecem", afirmou.
Montenegro considerou que a vocação universalista de Portugal "é uma forma de promoção do multilateralismo que hoje está ameaçado", e destacou as oportunidades económicas também presentes nos oceanos.
"Sabemos que quando falamos em alocar recursos financeiros e conhecimento, nós não estamos a falar de despesa, nós estamos a falar de investimento. Não apenas na perspetiva da valorização do recurso, não apenas da valorização da sustentabilidade ambiental, mas também efetivamente do retorno financeiro, do retorno económico", disse.
Montenegro manifestou a sua confiança de que a terceira conferência da ONU sobre os oceanos, em Nice, será um sucesso, e garantiu a presença do Governo português na iniciativa.
No final desta cerimónia, Macron e Montenegro reuniram-se, já sem comunicação social, com investigadores portugueses e franceses especialistas em biodiversidade marítima.
Esta cerimónia esteve inicialmente prevista para decorrer a bordo do veleiro Santa Maria Manuela, no Parque das Nações (Lisboa), mas acabou por ser transferida para o Centro Cultura de Belém devido à chuva intensa que caiu até meio da tarde em Lisboa, e começou com mais de uma hora de atraso.
Marcaram presença o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, o ministro da Economia, Pedro Reis, e a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho.
SMA // JPS
Lusa/fim