O artista encontrava-se em Lisboa, onde recebia tratamento médico, e morreu esta madrugada segundo referiu o irmão, Mick Lima, à Rádio de Cabo Verde (RCV).

"Considerado por muitos como um dos maiores pintores cabo-verdianos de todos os tempos, Kiki Lima foi um verdadeiro embaixador" da cultura das ilhas, "cuja paixão e dedicação à arte inspiraram gerações", publicou a Presidência da República na Internet.

"Kiki Lima deixa, também, um legado como músico e um estudioso da música tradicional cabo-verdiana", com os álbuns Txuva e Midje Má Tambor, acrescentou.

O Governo reagiu através de uma nota do Ministério da Cultura, considerando que se perde "um embaixador da cultura cabo-verdiana, cruzando linguagens visuais com a música e o design".

"Figura incontornável da cultura nacional, Kiki Lima, uma das maiores referências das artes plásticas de Cabo Verde, possuiu uma carreira notável marcada por uma criatividade vibrante, um estilo único e uma entrega total à arte e à identidade cabo-verdiana", assinalou, na mesma nota.

Assinou mais de mil obras, participou em mais de 200 exposições individuais em Cabo Verde e além-fronteiras, acrescentou.

Kiki Lima nasceu da Ponta do Sol, ilha cabo-verdiana de Santo Antão, a 15 de abril de 1953.

Numa entrevista à Lusa, após inaugurar uma exposição na cidade da Praia, em 2012, Kiki Lima considerou-se "partidário da mulher pelo seu valor intrínseco: é mãe, esposa, irmã e tem uma importância muito grande na nossa vida".

"Sou um pintor figurativo. Pego na figura feminina, explorando a sua plasticidade do ponto de vista estético, e faço essa ligação com a música e a pintura. É esse o motivo principal da exposição", afirmou no evento, dizendo ter chegado "tarde" à pintura e que só aos 21 anos viu uma exposição.

Licenciou-se em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa, mas antes frequentou, em Portugal, vários cursos de artes plásticas, suportando uma obra que vai além da pintura.

As obras de Kiki Lima estão presentes em importantes espaços e coleções particulares e institucionais de arte contemporânea, figurando como um dos pioneiros da pintura em Cabo Verde.

"Não tive influência de pintores cabo-verdianos e nem podia ter, porque eles não existiam", disse.