O Tarelo Potion Licoroso 2003 é um vinho licoroso não fortificado produzido na ilha do Pico, nos Açores. As exclusivas 300 garrafas (0,75 cl) foram colocadas no mercado com preço de referência de €900. É um vinho que se distingue pela história e pelas características singulares do licoroso vinho dos Açores, raro e com um “elevado potencial de investimento”, pode ler-se no comunicado que anuncia este vinho, produzido em solo vulcânico a partir das castas Arinto, Terrantez do Pico e Verdelho, plantadas em área classificada desde 2004 como património mundial UNESCO: Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico. “As uvas são produzidas no coração do Lajido da Criação Velha, na zona património, com área de produção a rondar 9 m2”, explica Cláudio Martins, o consultor de vinhos que continua a agitar as águas do universo vínico no país.
Há ainda uma coleção de barricas deste tesouro açoriano à espera do “dia D”. Segundo Cláudio Martins, estão armazenadas três barricas da colheita de 2005, sete de 2006, oito de 2007, quatro de 2009, quatro de 2011 e duas de 2014. É de registar que também há barricas da colheita de 2016. Cada passo é dado com a minúcia devida, ou não se tratasse de uma identidade e património únicos no país, que remonta há vários séculos.
Reza a história que, na revolução Bolchevique, em 1917, terão sido encontradas garrafas de licorosos feitos a partir da casta Verdelho, da ilha do Pico, nas caves do palácio do último Czar, Nicolau II. Mas a fama destes vinhos vem de mais longe do tempo. “São famosos desde os Descobrimentos, conquistaram prestígio internacional nos séculos XVIII e XIX. Eram altamente apreciados na corte russa, incluindo por Czar Nicolau II, devido à sua qualidade e perfil único. A tradição russa de consumir vinhos doces favorecia os vinhos do Pico, tornando-os símbolos de luxo e sofisticação”, conta Cláudio Martins.
Requinte é certamente a palavra que melhor define este Tarelo Potion Licoroso 2003, cujo trabalho de enologia esteve nas mãos de um trio de especialistas: Marco Faria, Paulo Laureano e o futuro Master of Wine Tiago Macena. “O conhecimento, a experiência e a visão são os pontos fortes para a escolha desta equipa para o projeto”, continua Cláudio Martins. Todos acompanharam o processo de maturação das uvas, com a minúcia de um mestre artesão de filigrana. “São vinificadas com muita calma, sem manipulação de enologia, e, posteriormente, ficam esquecidas nas barricas durante uns bons anos”, explica Claúdio Martins. De acordo com a equipa de enologia, o Tarelo Potion é particularmente apetecível nesta época do ano pelo teor alcoólico que pode chegar aos “18 graus ao natural”.
Mas, por que razão se trata de um licoroso, se não lhe é adicionado álcool vínico nem aguardente? “É licoroso não fortificado! À data dos anos de produção, era o único designativo possível abrir conta corrente na Comissão Vitivinícola Regional, daí um licoroso não fortificado”, esclarece. Isto é, o vinho licoroso dos Açores é elaborado a partir de uvas sobre amadurecidas, cujo teor alcoólico é atingido através da maturação natural da matéria-prima. Esta divide-se, precisamente, nas castas brancas Terrantez do Pico, Arinto dos Açores e Verdelho e têm de ser vindimadas da zona de Criação Velha ou de outras onde haja vinhas velhas, seguindo-se um estágio prolongado em barrica, para se obter a designação de vinho licoroso. No caso do Tarelo Potion Licoroso 2003 é um vinho que envelheceu em barricas durante duas décadas.
Além do Tarelo Monumental Arinto dos Açores branco 2018 e do Tarelo branco 2019, a empresa açoriana Tarelo faz agora chegar ao mercado este Tarelo Potion Licoroso 2003, uma poção mágica que reverte para a preservação do maior tesouro vínico açoriano de que há memória. “A Martim Wines Advisor está a entrar nesta parceria e a Super Grapes é a distribuidora exclusiva em Portugal”, explica o CEO da Martins Wine Advisor.
Refira-se que a produção destes vinhos licorosos não fortificados tem como objetivo a “reprodução dos vinhos históricos” dos Açores, devidamente adaptados às necessidades do mercado atual, esclarece-se, em comunicado.