
O ex-deputado da Iniciativa Liberal (IL) na Assembleia Legislativa da Madeira, Nuno Morna, recorreu hoje às redes sociais para manifestar a sua solidariedade para com Miguel Silva Gouveia. O ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal (CMF) anunciou, ontem, que não se iria recandidatar nas próximas Eleições Autárquicas.
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"Compreendo como ninguém a posição de Miguel Silva Gouveia. A política, quando vivida com autenticidade, tem um preço alto, muitas vezes pago em horas roubadas à família, em angústias que não se dizem, em lutas invisíveis que desgastam mais do que se imagina. E quando se escolhe sair, não é por desistência. É, muitas vezes, um acto de lucidez". De quem sabe quando já deu o que tinha a dar, de quem conhece os limites do próprio sacrifício, e de quem não está disposto a vender a alma só para continuar a ter um lugar à mesa", escreveu o político que em Junho último renunciou à coordenação da Iniciativa Liberal na Madeira.
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"Decidir não se recandidatar não é recuar. É assumir que há vida para além da política", sublinhou Nuno Morna na publicação partilhada na sua página pessoal de Facebook, acrescentando que "a integridade pessoal e a serenidade familiar valem mais do que o jogo partidário", o qual considera ter-se tornado numa "arena para egos e vaidades, em vez de um espaço de ideias e serviço".
O liberal ressalva que embora seja adversário político de Miguel Gouveia, ambos mantêm uma relação de amizade, reconhecendo ainda ao actual vereador da CMF, eleito pela coligação 'Confiança', "uma enorme qualidade humana e política".
A sua capacidade de trabalho, a sua seriedade no exercício da função, a forma como, em muitos momentos difíceis, tentou manter um rumo, mesmo contra a maré. Não partilhamos a mesma visão ideológica, mas partilhamos algo mais valioso: o compromisso com esta cidade que amamos. E isso une mais do que separa Nuno Morna
Na qualidade de funchalense, Morna elogia a postura de Miguel Gouveia como autarca. "Sei que muitas decisões foram tomadas com o coração no lugar certo, mesmo que eu as visse com outros olhos. A cidade é feita destes homens, dos que se entregam, dos que erram tentando acertar, dos que amam o Funchal o suficiente para lutar por ele, mesmo quando tudo parece contra", reforçou.
Licenciado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores pelo Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa e pós-graduado em Gestão de Empresas, Miguel Silva Gouveia entrou na vida política activa em 2013, integrando o executivo camarário liderado por Paulo Cafôfo. Desde então, desempenhou funções como vereador, vice-presidente e, em 2019, assumiu a presidência da autarquia, na sequência da saída de Cafôfo, cargo que ocupou até 2021, ano em que perdeu as eleições para o candidato da Coligação Funchal Sempre à Frente (PSD/CDS-PP), Pedro Calado.
Esta sexta-feira, anunciou uma 'pausa' na vida política ao final de 12 anos de serviço público, invocando factores pessoais, políticos e institucionais.
Miguel Silva Gouveia fez ainda uma análise crítica à situação actual do Partido Socialista na Madeira, considerando que o partido perdeu o espaço de alternativa política no Funchal e na Região. “Não me revejo nas actuais lideranças regionais e defendo que, após a pesada derrota nas últimas eleições, seria necessária uma renovação política que ainda não aconteceu”, disse.