A ADNM – Associação Diáspora no Mundo realizou, na EBS Padre Manuel Álvares [Campanário], no município da Ribeira Brava, mais uma sessão das palestras ‘Interculturas’. Uma iniciativa que vem percorrendo a região com o objectivo de sensibilizar para as realidades humanas e sociais ligadas à migração.

Com a participação de convidados migrados na África do Sul, Venezuela e Ucrânia, o encontro foi um espaço de escuta activa, partilha e reflexão, onde se abordaram os desafios, os sonhos e as identidades dos migrantes que chegam à Madeira, o intercâmbio artístico cultural que existe e dinamiza a sociedade, bem como os percursos dos emigrantes portugueses pelo mundo.

Durante a sessão, conforme dá nota a ADNM, destacou-se a urgência de promover uma cultura de unificação, respeito e consideração, especialmente num momento em que questões como o preconceito, ‘bullying’ e xenofobismo, a integração e a saúde emocional ganham destaque na sociedade actual.

“Cada vez estamos a receber mais imigrantes na ilha, muitos deles para trabalhar em diversas áreas, na hotelaria, restauração e construção, por isso estas actividades são tão importantes para a sensibilização dos nossos jovens. Emigrei nos anos 60, quando cheguei a África do Sul, sem família e fugindo da guerra colonial, tive a sorte que os meus colegas de turma e professores me ajudaram e acolheram da melhor maneira”, apontou, na ocasião Manuel da Costa, um dos oradores convidados.

Disse ainda que “sem saber a respectiva língua, religião, nem cultura” adaptou-se seguindo as leis e regras existentes. “Trazemos o nosso testemunho de como fomos recebidos, acolhidos e integrados”, observou.

Junto ao evento ‘Homenagem às Migrações’, que este ano vai celebrar a sua sexta edição, a Associação Diáspora no Mundo procura, com estas iniciativas, reforçar o seu compromisso em construir pontes culturais e humanas, promovendo a inclusão e o reconhecimento de todas as pessoas, independentemente da sua origem.

“Foi um momento profundamente tocante, que provou mais uma vez que conversar sobre o tema, ouvir e reflectir é um acto de amor e de cidadania. Precisamos continuar a valorizar estas vozes e histórias que moldam a nossa sociedade, que dão o seu contributo ao desenvolvimento da região e nos fazem ver outras realidades. Não podemos fechar os olhos ao que está a acontecer”, afirmou Lúcia Gomes, presidente da ADNM.

As palestras ‘Interculturas’ seguem como parte de um esforço contínuo da Associação para educar, inspirar e transformar a forma como vemos a multiculturalidade no arquipélago da Madeira.