Nos últimos meses, Volodymyr Zelensky fez consecutivos pedidos ao Ocidente para que fosse autorizado o uso de armas de longo alcance contra a Rússia. A poucas semanas de abandonar a presidência dos Estados Unidos, Joe Biden deu finalmente luz verde ao pedido do presidente ucraniano. Mas que tipo de mísseis são estes?

Intitulados de ATACMS (Army Tactical Missile System), estes mísseis guiados foram desenvolvidos durante o período da Guerra Fria com o objetivo de destruir alvos soviéticos da antiga URSS. São produzidos pela Lockheed Martin, uma empresa do setor aeroespacial, sediada nos Estados Unidos.

Estas armas de longo alcance podem atingir alvos até 300 quilómetros de distância, embora tenham uma capacidade inferior a um míssil balístico intercontinental ou de cruzeiro. Podem atingir uma velocidade máxima superior a 3.500 km/h e têm quase quatro metros de comprimento.

Qual o seu papel no conflito?

A utilização de mísseis ATACMS por parte da Ucrânia pode ser determinante para a sua resposta contra a Rússia.

Kiev já tinha manifestado o seu interesse neste tipo de armas, defendendo que poderiam vir a desempenhar um papel fundamental na neutralização dos lançadores de mísseis russos na Crimeia. Assim, a Ucrânia poderá atingir depósitos de armas e munições da Rússia, bem como bases militares.

De acordo com a imprensa ucraniana, Kiev já lançou o primeiro míssil norte-americano de longo alcance contra território russo. Tiveram como alvo uma instalação militar localizada perto da cidade de Karachev, na região de Bryansk, a cerca de 130 quilómetros da fronteira.

Ucrânia e Estados Unidos vs Rússia e Coreia do Norte

No inicio do mês de Novembro, a Coreia do Norte ratificou um acordo histórico de defesa com a Rússia, selando a aproximação entre os dois países. O Presidente russo também assinou o tratado de defesa mútua, que prevê uma "assistência militar imediata" recíproca, em caso de ataque a um dos dois países.

Um mês antes, a Coreia do Sul disse ter indicações de que tropas norte-coreanas tinham sido enviadas para a Ucrânia para apoiar as tropas russas. O mesmo foi confirmado pelos Estados Unidos e pela Ucrânia.

Perante esta aproximação entre os dois países, os Estados Unidos decidiram levantar as restrições impostas à Ucrânia quanto ao uso de mísseis ATACMS. A Rússia, que já tinha acusado Joe Biden de "atirar achas para a fogueira", fez questão de responder à "provocação".

Vladimir Putin assinou, esta terça-feira, um decreto que autoriza o uso alargado de armas nucleares. A nova política nuclear pressupõe a utilização de armas nucleares caso seja alvo de um ataque com mísseis convencionais, drones ou outro tipo de armento de longo alcance apoiado por uma potência nuclear.

Uma guerra às portas da Europa

A Europa teme agora uma escalada do conflito entre os dois países e o ressurgimento da ameaça nuclear. No Norte da Europa, países como a Suécia, a Finlândia e a Noruega estão a avisar os respetivos cidadãos para um agravamento da guerra entre a Ucrânia e a Rússia.

Os três países nórdicos - dois dos quais (Finlândia e Noruega) têm fronteiras terrestres com a Rússia -começaram a preparar as suas populações com conselhos para "se a crise ou a guerra vier".

Milhões de suecos começaram a receber esta segunda-feira nas caixas de correio uma versão do panfleto "Se a crise ou a guerra vier", que aconselha a população sobre como se preparar e enfrentar uma guerra.

Também a vizinha Finlândia publicou 'online' novos conselhos sobre "preparação para incidentes e crises", enquanto os noruegueses receberam um panfleto instando-os a estarem preparados para sobreviverem sozinhos durante uma semana em "caso de condições meteorológicas extremas, de guerra ou de outras ameaças".

- Com Lusa