"Esta decisão decorre da manutenção das perspetivas da inflação em um dígito, no médio prazo, não obstante o aumento dos riscos e incertezas associados às projeções, com destaque para os decorrentes da tensão pós-eleitoral, o risco fiscal e os choques climáticos", refere-se no comunicado final da reunião CPMO, hoje em Maputo, que se realiza a cada dois meses.
A taxa de juro diretora estava fixada em 17,25% desde setembro de 2022, após a intervenção do banco central, que depois iniciou cortes consecutivos a partir de 31 de janeiro, quando reduziu para 16,5%. Em 27 de março cortou para 15,75%, em 27 de maio para 15%, em 31 de julho para 14,25%, em 30 de setembro para 13,5% e em 27 de novembro para 12,75%.
A próxima reunião do Comité está agendada para 26 de março.
"Adicionalmente, o CPMO decidiu reduzir os coeficientes de reservas obrigatórias para os passivos em moeda nacional, de 39,0% para 29,0%, e em moeda estrangeira, de 39,50% para 29,50%, visando disponibilizar mais liquidez para apoiar a economia na reposição da capacidade produtiva e da oferta de bens e serviços", refere-se igualmente no comunicado da reunião.
Há vários meses que os empresários moçambicanos pediam a redução destas reservas, alegando a reduzida disponibilidade de divisas no mercado, criando constrangimentos nas importações.
No comunicado acrescenta-se que as perspetivas da inflação "mantêm-se em um dígito no médio prazo", recordando-se que em dezembro de 2024 a "inflação anual aumentou para 4,15%, depois de 2,84% em novembro", refletindo "a redução da oferta de bens e serviços decorrente da tensão pós-eleitoral".
"A inflação subjacente, que exclui as frutas e vegetais e bens com preços administrados, também aumentou. A manutenção das perspetivas da inflação em um dígito, no médio prazo, reflete, essencialmente, a estabilidade do metical e o impacto das medidas tomadas pelo CPMO", lê-se ainda.
Contudo, no comunicado assinado pelo governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, alerta-se que "os riscos e incertezas associados às projeções da inflação aumentaram".
Destacam-se, como fatores de aumento da inflação, no médio prazo, os impactos da tensão pós-eleitoral, dos choques climáticos e do agravamento da pressão sobre a despesa pública, num contexto de reduzida capacidade de financiamento. O CPMO continuará com o processo de normalização da taxa MIMO no médio prazo. O ritmo e a magnitude continuarão a depender das perspetivas da inflação, bem como da avaliação dos riscos e incertezas subjacentes às projeções do médio prazo", conclui-se.
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