O presidente da Iniciativa Liberal (IL) considerou esta quinta-feira que o relatório preliminar da comissão de inquérito ao caso das gémeas não reproduz os factos apurados e que a comissão está "completamente inquinada", motivo pelo qual não apresentará alterações.

"Aquilo que foi apresentado como relatório preliminar não é aceitável porque não reproduz os factos apurados durante a comissão parlamentar de inquérito", disse Rui Rocha aos jornalistas, no final de uma visita à Qualifica -- Feira da Educação, Formação e Juventude em Matosinhos, no distrito do Porto.

O liberal considerou que "as coisas estão de tal maneira inquinadas" na comissão parlamentar de inquérito e nos seus resultados que as alterações que a IL pudesse vir a apresentar não iriam alterar aquilo que é "um péssimo serviço que foi prestado à democracia".

"Nós, para isso, não contribuímos, não participamos. Preferimos denunciar essa ausência de factualidade concreta que a comissão trouxe, essa tentativa de perversão até dos princípios democráticos que foi protagonizada por um partido pela forma como apresentou essas conclusões", frisou.

Questionado sobre as propostas de alteração ao relatório do PSD e do CDS-PP, Rui Rocha percebe que esses partidos políticos as tenham feito porque, de alguma maneira, poderão reproduzir melhor os factos que foram apurados.

"Também não é essa a versão dos factos que a IL considera mais adequada, mas estarão seguramente mais próximos do que aquilo que foi apresentado", concluiu.

A proposta de relatório do inquérito parlamentar ao caso das gémeas luso-brasileiras, redigida e apresentada pela deputada do Chega Cristina Rodrigues, acusa o Presidente da República de "abuso de poder".

O PSD e o CDS-PP apresentaram esta quinta-feira propostas de alteração ao relatório preliminar da comissão de inquérito ao caso das gémeas, concluindo que "não se confirmou qualquer intervenção especial da Casa Civil da Presidência da República" neste caso.

No que toca ao envolvimento do Presidente da República e dos membros da sua Casa Civil, o deputado do PSD António Rodrigues considerou que foi um "procedimento normal", semelhante a "todos os outros", apesar da "intervenção, porventura indevida", de Nuno Rebelo de Sousa junto do pai.

Por outro lado, o PS considerou que a Casa Civil do Presidente da República tratou o processo das gémeas luso-brasileiras "de forma especial" e "foi demasiado longe", nas propostas de alteração ao relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito.

"No nosso entender, não persistem dúvidas, está provado que a Casa Civil do senhor Presidente da República tratou este processo de forma especial", afirmou o coordenador do PS na comissão de inquérito, João Paulo Correia, em conferência de imprensa na Assembleia da República.