A agência da Organização da Nações Unidas (ONU) anunciou também que enfrentava um corte de 40% no financiamento para 2025, alertando para uma "crise sem precedentes" que pode afetar a ajuda vital a 58 milhões de pessoas em todo o mundo.

No Malaui, o PAM poderá ser obrigado a suspender a ajuda aos requerentes de asilo no campo de Dzaleka, situado a cerca de 40 quilómetros a norte de Lilongwe que acolhe principalmente congoleses, ruandeses e burundianos.

"Poderemos suspender completamente a ajuda em maio se não recebermos mais fundos", declarou o diretor adjunto do PAM no Malaui, Simon Senhere, sublinhando ainda que "57.000 refugiados correm o risco de passar fome".

Os refugiados e os requerentes de asilo do campo de Dzaleka, que se encontra sobrelotado, dependem da ajuda monetária do PAM, que equivale a oito euros por dia, para sobreviver, sendo que a maioria não tem meios de subsistência, uma vez que o Malaui restringe o emprego aos refugiados.

"Se o PAM parar a distribuição, vai ser o caos, porque estas pessoas não podem contar com mais nada", disse o diretor do campo, Elton Phulusa, já a representante da comunidade ruandesa no campo, Joyce Wamuyu, afirmou que no campo ninguém trabalha e que por isso "vai ser difícil sobreviver".

Embora a agência da ONU se tenha abstido de nomear qualquer país em particular, os Estados Unidos, um dos países doadores, reduziu a ajuda desde que o Presidente norte-americano, Donald Trump, tomou posse em janeiro.

As organizações internacionais e de ajuda humanitária têm mostrado preocupação, nos últimos meses, devido à multiplicação de anúncios de cortes na ajuda internacional dos Estados Unidos.

A administração do Presidente norte-americano eliminou 83% dos programas da agência de desenvolvimento USAID, ou seja, "dezenas de milhões de dólares", que, até agora, geria um orçamento anual de 42,8 mil milhões de dólares (40 mil milhões de euros), o que representava 42% da ajuda humanitária desembolsada em todo o mundo.

Outros países como o Reino Unido, a França e a Alemanha também cortaram os respetivos orçamentos de ajuda internacional, tal como os países escandinavos.

DIZP/ANP // ANP

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