O ciclone Dikeledi, que atingiu Moçambique na terça-feira, enfraqueceu e passou a tempestade tropical severa, podendo ainda causar chuvas em Nampula e Zambézia, anunciou esta terça-feira o Instituto Nacional de Meteorologia (Inam) moçambicano.
"Entrou como ciclone tropical, mas depois da sua entrada ele perdeu a força para tempestade tropical severa. Ainda continua como tempestade tropical severa, mas já se encontra na costa de Moçambique em direção ao canal, isso quer dizer que já saiu da terra habitada", disse Pedro Modumane, meteorologista, em declarações à comunicação social.
Segundo o responsável, a tempestade tropical severa deverá ainda causar chuvas entre 30 a 50 milímetros por hora em distritos da província de Nampula, no norte de Moçambique, e em distritos costeiros da província da Zambézia, no centro do país.
O ciclone Dikeledi entrou em Moçambique na terça-feira, a partir do distrito de Mossuril, em Nampula, onde afetou os distritos a sul da província, assim como a zona costeira da Zambézia.
O Inam alertou ainda para a entrada de um outro sistema no sul de Moçambique, devendo causar chuvas nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, a partir de quarta-feira.
A Electricidade de Moçambique (EDM) divulgou esta terça-feira que "devido à queda de postes e rompimento de cabos" causadas pelo ciclone Dikeledi, desde segunda-feira que "está condicionado o fornecimento de energia elétrica" a algumas zonas da província de Nampula, afetando 156.385 clientes.
A empresa garante que estão equipas técnicas no terreno para tentar repor "com a maior brevidade possível" o "fornecimento normal de energia elétrica", trabalhos que continuam a ser dificultados pela fortes chuvas e ventos que se fazem sentir.
O litoral da província de Nampula, norte de Moçambique, permanece esta terça-feira sob aviso vermelho, face ao vento e chuvas fortes provocados pelo Dikeledi, segundo o Inam.
De acordo com o aviso vermelho emitido pelo Inam que permanece válido hoje, o ciclone tem provocado rajadas de vento de até 195 quilómetros por hora, "movendo-se para sul a uma velocidade de 13 quilómetros por hora".
É o segundo ciclone a afetar o país no espaço de um mês
O anterior, o ciclone tropical intenso Chido, de nível 3 (numa escala de 1 a 5), atingiu a zona costeira do norte de Moçambique na madrugada de 14 de dezembro, enfraquecendo depois para tempestade tropical severa, continuando, nos dias seguintes, a fustigar as províncias no norte de Moçambique com "chuvas muito fortes acima de 250 mm/24 horas, acompanhadas de trovoadas e ventos com rajadas muito fortes", segundo informação anterior do Centro Nacional Operativo de Emergência.
Dados atualizados recentemente pelas autoridades moçambicanas adiantam que pelo menos 120 pessoas morreram e outras 868 ficaram feridas durante a passagem do ciclone Chido no norte e centro de Moçambique.
Este ciclone afetou ainda 687.630 pessoas, o correspondente a 138.037 famílias, nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula, no norte, e Tete e Sofala, no centro, segundo o último balanço do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres de Moçambique.
Do total de óbitos confirmados, 110 registaram-se em Cabo Delgado, sete em Nampula e três em Niassa.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.