O embaixador francês junto das Nações Unidas (ONU), Jérôme Bonnafont, apresentou hoje à imprensa a sua agenda para o mês de abril e anunciou que o chefe da diplomacia francesa, Jean-Noël Barrot, estará em Nova Iorque para um debate sobre o Médio Oriente no dia 29 de abril, assumindo o objetivo de "procurar apaziguar os conflitos e regressar ao caminho das negociações". 

O embaixador indicou que a França apoia o trabalho de mediação que está a ser feito atualmente pelo Egito, Qatar e Estados Unidos, "para convencer, em primeiro lugar, o Hamas a libertar os reféns completamente e com dignidade", mas frisou a necessidade de que os bombardeamentos cessem e que as forças israelitas voltem "ao pleno respeito pelo cessar-fogo". 

"Não há milagres na diplomacia. A diplomacia é um trabalho paciente através do qual, passo a passo, fazemos um balanço de uma situação muito difícil, e fazemos o que podemos para torná-la numa situação melhor. E todos terão que se juntar aos esforços para isso", defendeu o diplomata francês, que assumiu o cargo no mês passado. 

"O Hamas tem que desistir, tem que libertar os reféns, tem que parar de fingir que governa Gaza. A Autoridade Palestiniana tem que ser reformada. Os israelitas têm que concordar com a renovação deste processo. E os outros países têm que se juntar aos esforços para apoiar uma solução que estará em construção", acrescentou. 

Bonnafont indicou ainda que a Ucrânia estará no topo das suas prioridades, admitindo que esse é um tema de máxima importância para a França, que "se mobilizou no mais alto nível para apoiar" Kiev. 

O embaixador considerou muito importante que o cessar-fogo que está atualmente em negociações resulte numa paz justa e duradoura, sustentada pelos princípios que regem a Carta fundadora da ONU e pelo "respeito à integridade territorial e independência da Ucrânia", com o Conselho de Segurança da ONU a "orientar os procedimentos para esse resultado". 

"A ONU deve apoiar (...) uma paz que seja elaborada em condições pelas quais a própria Ucrânia será a protagonista da construção da paz, e na qual os europeus, cuja segurança também está em jogo, serão associados. Esta é a posição francesa", defendeu o representante permanente de França na ONU. 

Na apresentação do seu programa à imprensa, o diplomata francês foi questionado sobre a alegada perda de influência do Conselho de Segurança da ONU, tendo saído em defesa daquele que é o órgão mais poderoso da ONU - cujas decisões têm caráter vinculativo e do qual a França é um membro permanente -, frisando que o Conselho está a "trabalhar ativamente para desenvolver processos pelos quais os conflitos podem ser encerrados de uma forma ou de outra". 

"Não há uma varinha mágica pela qual as palavras do Conselho seriam suficientes para pôr fim a um conflito. Mas o Conselho tem a autoridade dada pela Carta para legitimar processos, para apoiar processos, para implantar operações que vão ajudar os processos", afirmou, mas reforçando a importância de uma reforma do Conselho de Segurança da ONU. 

Para o corrente mês, a França tem ainda planeadas duas das reuniões anuais do Conselho de Segurança: um encontro de chefes de componentes militares de Operações de Manutenção da Paz da ONU; e um 'briefing' sobre a situação de pessoas deslocadas e refugiados, que contará com a presença do alto-comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi. 

Durante abril, serão igualmente abordados outros temas relacionados com o Médio Oriente além de Gaza, como a Síria ou Iémen, assim como assuntos relacionados com África, como a Somália, Sahel, Líbia ou República Democrática do Congo. 

A França integra o painel dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU com poder de veto. Os restantes são Estados Unidos, Rússia, Reino Unido e China. 

 

MYMM 

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