Salima Ouardiri nasceu em França, filha de pais imigrantes, ambos argelinos com raízes em Marrocos, que fixaram residência em França, mas nunca chegaram a sentir-se verdadeiramente em casa.

Salima foi tendo várias casas também, em todas sentiu sempre pelo menos em parte estrangeira, por muito que também se tenha sentido acolhida, respeitada e amada. A diário de é todo construído em redor dessa dualidade: ela é francesa, é europeia, mas a sua fisionomia remete as pessoas para outras geografias, e Salima acaba presa aos mapa imaginário dos outros.

No diário, escreve que “migrar é pegar e deixar”, migrar é “partir”, migrar é “estar à procura de um lugar onde nos sentimos em casa”. Migrar no feminino não é migrar no masculino.

Este testemunho, tal como os que vamos contar nos próximos episódios deste podcast, foi recolhido pelo projeto Diários de Migrantes, da Arquivo dos Diários, uma associação sem fins lucrativos que visa preservar memórias autobiográficas de todos os que desejem escrevê-las. O projeto foi financiado pelo Fundo Social Europeu e pelo Portugal2020. Quem estiver interessado pode saber mais na página do projeto, que continua a aceitar biografias e diários em texto, mas também em vídeo ou desenho.

As passagens do diário de Salima são lidas pela jornalista Mara Tribuna, o guião, a adaptação dos diários e as entrevistas são da jornalisa Ana França e a sonoplastia de toda a série é de Salomé Rita. As capas que ilustram cada episódio é de João Carlos Santos e Tiago Pereira Santos. A coordenação é de Joana Beleza e a direção de João Vieira Pereira

SIC Notícias

Kiran, Usman, Salima, Willy e Filomena: cinco diários contam as vidas em trânsito de cinco pessoas que o destino trouxe até Portugal. Aqui ouvimos uma adaptação das páginas que elas escreveram, sobre o seu passado e a experiência migratória, e que a associação 'Arquivo dos Diários' partilhou com o Expresso. Ouça e subscreva em qualquer plataforma de podcasts: