À medida que as festas de final de ano se aproximam, muitas pessoas começam a sentir a magia do Natal e outras começam a sentir... stress. A pressão para fazer tudo “perfeito” e a sobrecarga de compromissos podem transformar uma época que deveria ser de celebração num verdadeiro desafio emocional. Sara Paiva, psicóloga clínica especializada em gestão emocional e diretora clínica da Nova Versão, explicou, à SIC Notícias, que o stress durante esta época pode, realmente, afetar a saúde mental de quem não souber lidar com as expectativas e as supostas exigências típicas do Natal e da passagem de ano.
"A gestão de expectativas* , as desigualdades ou preocupações financeiras (com os gastos acrescidos e excessivos), a falta de tempo , as o brigações familiares (como a pressão para integrar convívios familiares com pessoas com as quais não existe uma boa relação, revivendo momentos desconfortáveis ou traumáticos) e a antecipação do vazio que se poderá reinstalar no regresso à rotina ", são alguns dos fatores que contribuem para um aumento do stress nesta época do ano, começou por apontar a especialista.
Os sinais podem indicar que algo não está bem
Os primeiros sinais de stress, segundo a psicóloga, podem ser físicos, como cansaço, sensação de peso na cabeça, enxaquecas, dores de estômago, alterações no apetite, aumento do batimento cardíaco e alterações no sono.
Mas também a nível emocional podem surgir sintomas como ansiedade, inquietação, irritabilidade, tristeza, dificuldades de concentração ou em tomar decisões, sentimentos de culpa e incompreensão.
Já em termos comportamentais, poderá mesmo existir compras compulsivas e consumo excessivo de álcool e tabaco.
Como lidar com este stress?
- Antecipar e planear o que precisa de fazer, o que necessita de comprar e com quem quer estar - "Faça listas estratégicas, práticas, e até utilizando aplicações e calendários partilhados com a família e os amigos";
- Experimentar novas tradições - "Como a troca de um único presente (por exemplo, a dinâmica do 'amigo secreto') ou até presentes feitos por si";
- Dividir responsabilidades e delegar tarefas -"Aliviar a carga de trabalho permite que outras pessoas se envolvam, criando uma dinâmica colaborativa e proporcionando mais tempo para aproveitar os momentos";
- Ajustar as expectativas às circunstâncias - "Não fique preso às comparações e julgamentos";
- Estabelecer e comunicar limites - "Dizer 'não' às obrigações, pedidos ou situações que não se revê";
- Tenha tempo para cuidar de si - "Descanse, faça o que gosta, como ler ou realizar uma caminhada";
- Lembre-se do que é mais importante - "Aja de acordo com os seus valores e priorize o que mais importa".
Para quem sente dificuldade em colocar estas estratégias em prática, o acompanhamento psicológico direcionado para este trabalho em específico pode ser uma ferramenta essencial para enfrentar esta época festiva e outros desafios semelhantes no futuro, destacou Sara Paiva.
Como estabelecer limites saudáveis, sem se sentir culpado ou egoísta?
Esta é uma das formas mais eficazes de reduzir o stress, sublinhou a especialista em gestão emocional. Colocar limites e dizer 'não' ao que lhe desagrada e refletir sobre como se sente quando situações desconfortáveis acontecem, tanto no momento quanto a longo prazo, ajuda a libertar o sentimento de culpa.
"Como conseguimos antecipar muitas das coisas que nos incomodam, com base nas nossas experiências passadas, podemos começar por clarificar os nossos limites, considerando o que gostaríamos que não se repetisse. Posteriormente, necessitamos de comunicá-los de forma clara e gentil, especificando a nossa perspetiva ou como nos sentimos relativamente àquela situação e o que queremos que aconteça no futuro", assegurou a psicóloga.
Se uma situação desconfortável surgir, é essencial saber como encerrá-la "gentilmente". Continuar, por exemplo, a persistir numa discussão apenas tende a intensificar o conflito, salientou a diretora clínica da Nova Versão.