Rumeysa Ozturk caminhava sozinha pela rua, a caminho de um restaurante onde tinha um jantar marcado com amigos, para terminar com o jejum de 13 horas do Ramadão. Mas a jovem estudante foi raptada por um grupo de seis polícias à paisana no meio da rua, que a levaram de forma agressiva para dentro de um veículo descaracterizado. Depois, foi deportada do estado norte-americano do Massachusetts, contornando assim a lei que estipula um aviso de 48 horas.

Com nacionalidade turca, Ozturk é uma estudante de doutoramento da Universidade de Tufts, no Massachusetts, e a sua detenção foi justificada pelo Departamento de Segurança Interna com o facto de Ozturk se ter “envolvido em atividades de apoio ao Hamas, organização terrorista que tem prazer em matar norte-americanos”.

Em março de 2024, foi co-autora de um artigo em que criticava a resposta da universidade aos protestos pró-palestina e exigia o desinvestimento em empresas com ligações a Israel, em resposta ao conflito em Gaza. Tinha um visto de estudante e acabou por ser deportada para o estado de Louisiana, mas os advogados apenas conseguiram falar com Ozturk um dia depois. Durante esse tempo, a Embaixada da Turquia também procurou, sem sucesso, informações sobre o paradeiro da estudante.

Boston Globe

Ozturk é uma das várias estudantes internacionais que estão a ser deportadas devido a ordens da administração de Donald Trump, que ordena reprimir manifestações pró-palestinianas nos campus universitários. A sua detenção desencadeou uma série de manifestações pelos Estados Unidos.

Após a detenção de Ozturk, os seus advogados recorreram a um tribunal federal de Boston para contestar a legalidade da sua detenção e pedir que ela não fosse transferida para outro estado sem a devida notificação. A juíza Indira Talwani acedeu ao pedido, determinando que Ozturk não poderia ser transferida sem aviso prévio.

Na sexta-feira, 28 de março, a juíza Denise Casper bloqueou a deportação de Ozturk, emitindo uma ordem para suspender a sua remoção dos Estados Unidos até que o tribunal decidisse se o processo de detenção de Ozturk foi legal.