A Lusa visitou algumas escolas públicas de Bissau e constatou que estavam paralisadas, como são os casos dos liceus Agostinho Neto, Rui Barcelos Cunha e Kwame N'Krumah.

No liceu Agostinho Neto, os portões até estavam abertos mas lá dentro eram poucos os alunos que ali se deslocaram na esperança de que poderia haver aulas.

Mamadu Job, aluno daquele liceu, disse à Lusa que não concorda com "as constantes greves" dos professores e exortou o Governo "a pagar as dívidas aos professores".

"Os tempos letivos já são curtos e com estas constantes greves dos professores não vamos aprender nada este ano", disse Job.

Contudo, Isidro Martins, diretor do liceu Rui Barcelos da Cunha, considera que a paralisação das aulas não está ligada à greve dos docentes hoje iniciada para durar três dias, afirmando que as aulas não estão a funcionar no liceu que dirige devido à ausência dos alunos que "simplesmente recusam-se a vir à escola".

"De cada vez que há uma paragem por motivo de um feriado, nos dias seguintes os alunos não comparecem às aulas. Podemos dizer que os nossos alunos não gostam de estudar, gostam mais de brincadeira", declarou o diretor do liceu Rui Barcelos Cunha.

Na segunda-feira, foi assinalado o Dia Nacional dos Professores guineenses, aos quais foi concedida tolerância de ponto.

Também fontes dos liceus Quemo Mané, em Manoa, no norte, e Luís Fona Tchuda, em Gabú, no leste, atribuíram a falta de alunos nas escolas à tolerância de ponto do dia anterior.

Josefino Tavares Indi, aluno do liceu Kwame N'krumah, de Bissau, disse não querer saber "quem tem a razão entre o Governo e os professores", apenas pedindo que haja aulas.

"Todos os anos é isto de greves. Já estamos cansados de não ter aulas", declarou este aluno que deita contas à vida pelos atrasos na carreira se o ano letivo "tiver que ser anulado".

O presidente do Sindicato Nacional dos Professores (Sinaprof), principal sindicato de funcionários públicos guineenses, Domingos de Carvalho, afirmou que o pré-aviso de greve foi entregue ao Governo em janeiro e, em duas ocasiões, sentaram-se à mesa das negociações, mas, disse, "sem efeito prático".

O pré-aviso contém 22 exigências, mas Domingos de Carvalho observou que o Sinaprof "se dava por contente" se alguns desses pontos fossem atendidos, nomeadamente o pagamento de 18 meses de salários em atraso, acumulados desde 2003 até hoje.

Questionado sobre o nível da adesão neste primeiro dia da greve, o sindicalista disse que "superou as expectativas" e prometeu, caso não haja entendimento com o Governo, avançar com "ondas de paralisações das aulas até junho", quando termina o ano letivo.

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