
A iniciativa do Presidente francês, Emmanuel Macron, que juntará, segundo o Eliseu, Alemanha, Reino Unido, Itália, Polónia, Espanha, Países Baixos e Dinamarca, é uma das posições tomadas nos últimos dias pelos europeus, face aos avanços dos Estados Unidos para conduzir negociações que ponham fim à guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Os europeus devem fazer "mais e melhor" pela sua segurança coletiva, dada a "aceleração" sobre a Ucrânia e as posições tomadas pelos Estados Unidos, considerou a presidência francesa ao convocar a reunião.
"Consideramos que há, como resultado da aceleração da questão ucraniana, como consequência também do que dizem os líderes americanos, uma necessidade de os europeus fazerem mais, melhor e de forma coerente pela nossa segurança coletiva", disse um conselheiro do Presidente Emmanuel Macron.
A reunião "terá como objetivo facilitar a continuação das conversações em Bruxelas", segundo Paris, e, embora iniciada num formato restrito "por razões práticas", pretende que seja alargada, porque "todos estão preocupados, todos devem poder participar da conversa".
Enquanto a França promoveu esta reunião, os países bálticos pedirem ações para fortalecer Kiev em quaisquer negociações futuras.
O Presidente finlandês, Alexander Stubb, apelou, no último dia da Conferência de Segurança de Munique, a uma "pressão máxima sobre a Rússia" através de sanções e congelamento de bens antes de quaisquer negociações.
O chefe de Estado deste país vizinho da Rússia estabeleceu três fases: "pré-negociação", cessar-fogo e negociações de paz de longo prazo.
"A primeira fase é a pré-negociação, e este é um momento em que precisamos rearmar a Ucrânia e colocar pressão máxima sobre a Rússia, o que significa sanções, o que significa ativos congelados, para que a Ucrânia comece essas negociações a partir de uma posição de força", disse Stubb.
"Penso que, na Europa, temos de falar menos e fazer mais", afirmou ainda disse o Presidente finlandês, que defendeu que a Europa deve assumir as suas responsabilidades e pensar em formas de trazer valor acrescentado para os EUA.
O Presidente da Letónia, Edgars Rinkevics, país que também faz fronteira com a Rússia, concordou que os países europeus devem mostrar a sua força.
"Se formos fortes, se tivermos algo para oferecer [...] vamos ser interessantes para os Estados Unidos. Se continuarmos a ter estas conferências agradáveis, a falar e a lamentar, não seremos interessantes [nem] para os nossos próprios públicos muito em breve", alertou.
Os esforços por uma posição da Europa, principal financiador militar e financeiro da Ucrânia, juntamente com os EUA, ocorre no momento em que o governo de Trump tenta rapidamente mediar o fim dos combates, três anos após a guerra lançada pela Rússia contra a Ucrânia.
A pressão do Presidente dos Estados Unidos por uma saída rápida para a guerra total da Rússia na Ucrânia gerou preocupação e incerteza em Munique.
Após um telefonema com o Presidente russo, Vladimir Putin, na semana passada, Trump disse que os dois provavelmente vão reunir-se em breve para negociar um acordo de paz.
Mais tarde, Trump garantiu ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, que também teria um lugar à mesa, mas as autoridades dos EUA deram o sinal de que as nações europeias não estariam envolvidas.
Na conferência de Munique, Zelensky pediu a criação de uma "força armada da Europa" para melhor enfrentar uma Rússia expansionista que também poderia ameaçar os 27 países da UE.
O Presidente ucraniano defendeu que a Europa deve ter uma voz ativa nas conversações para pôr fim ao conflito, afirmando que "a paz real é possível", mesmo que haja diferentes tentativas de Putin para "enganar o mundo inteiro e prolongar a guerra".
"Temos de a alcançar [a paz]: a Ucrânia, os Estados Unidos e a Europa. Esta é a nossa segurança comum", realçou Volodymyr Zelensky.
ANP (PE) // MAG
Lusa/fim