
O escritor cabo-verdiano Germano Almeida, vencedor do prémio Camões (2018), anunciou que deixou a editorial Caminho, do grupo Leya, após a suspensão da publicação do seu último livro Crime nas Correntes d'Escritas".
O autor acusa a administração da Leya de "prepotência" e de ter inventado uma denúncia contra a obra sem lhe dar oportunidade de se explicar.
"Havia duas pessoas a quem mandei o PDF e o que a Leya disse é que uma delas tinha denunciado a situação, dizendo que ia a tribunal. As duas pessoas negam", referiu o autor, sobre o ficheiro com o "Crime nas Correntes d'Escritas", livro em tom de "homenagem e brincadeira" ao encontro anual de escritores, na Póvoa de Varzim.
A Leya justificou a decisão de suspender a publicação por “ameaças de processo judicial” por parte de pessoas que se sentiram “invadidas e agredidas pela forma como são tratadas” no livro.
Os nomes em causa são os do poeta Aurelio Costa e da escritora Tânia Ganho que, segundo Germano Almeida, já desmentiram qualquer envolvimento na alegada denúncia.
"Sem dúvida que é um ato de prepotência, sobretudo porque não tive oportunidade de ser ouvido para explicar minimamente a razão do livro e, eventualmente, fazer alguma mudança que as pessoas em questão pudessem exigir", acrescentou.
O livro conta uma história ficcionada, em que as personagens são participantes reais do encontro de escritores, com os seus próprios nomes, sobre o desaparecimento, alegadamente por roubo, de um manuscrito original de Mário Zambujal. A narrativa centra-se numa investigação levada a cabo pelo próprio romancista e pelo poeta poveiro Aurelino Costa, participante de sempre nas Correntes, para descobrirem o presumível ladrão.
Perante a polémica, o autor anunciou que a obra será publicada em Cabo Verde pela Ilhéu Editora, da quel é sócio. Além do "Crime nas Correntes d'Escritas", a Ilhéu vai lançar uma nova obra em que a editora Ana Cordeiro surge como entrevistadora do escritor.