O movimento islamita palestiniano Hamas libertou este sábado mais três reféns, entre os quais um luso-israelita, e entregou-os à Cruz Vermelha, no âmbito do acordo de cessar-fogo com Israel.

Ofer Calderon, de 54 anos e com nacionalidade portuguesa, francesa e israelita, foi o primeiro a regressar à liberdade. Foi libertado pouco antes das 07:00, hora de Portugal continental.

Ofer Calderon
Ofer Calderon Abdel Kareem

Ofer Calderon obteve a nacionalidade portuguesa, pela sua origem sefardita, depois de ter sido feito refém, disse à Lusa o advogado, José Ribeiro e Castro, que submeteu então ao Governo um pedido de urgência por razões humanitárias na análise do seu processo, conseguindo que a Conservatória dos Registos Centrais emitisse a certidão de nascimento, confirmando a dupla nacionalidade do franco-israelita.

Os seus dois filhos haviam sido libertados em novembro, pouco mais de um mês após o ataque do Hamas.

Depois foi a vez de Yarden Bibas, de 35 anos. A mulher e os dois filhos também foram raptados pelo Hamas, incluindo um bebé que tinha apenas 10 meses. O movimento islamita alega que morreram, vítimas de um ataque israelita.

 Yarden Bibas
Yarden Bibas Abdel Kareem Hana

Ambos foram raptados pelo Hamas e levados para Gaza durante o ataque contra Israel, a 7 de outubro de 2023, e estiveram 484 dias em cativeiro.

Nesta altura, já estão em território israelita, onde vão receber uma primeira avaliação médica.

O americano-israelita Keith Siegel, de 65 anos, foi o último a ser libertado, na cidade de Gaza, a norte do território.

Keith Siegel
Keith Siegel Dawoud Abu Alkas

Como aconteceu nas outras libertações, os reféns tiveram de subir a um palco em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. Pousaram ao lado dos operacionais do Hamas, com um diploma nas mãos. Só depois foram entregues à cruz vermelha.

A libertação de reféns
A libertação de reféns Mohammed Hajjar

As reações à libertação de reféns

O Governo português saudou a libertação de refém Ofer Calderon, com nacionalidade portuguesa, esperando que a sua entrega pelo Hamas constitua "mais um passo para a paz".

Numa nota enviada à Lusa, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, escreveu que o "Governo português saúda a libertação de mais três reféns e, muito em especial, a do também nacional português Ofer Calderon".

“Que este possa ser mais um passo para a paz, enquanto os libertados e suas famílias vivem um novo tempo de esperança.”

Em reação à libertação de Ofer Calderon, o Presidente francês, Emmanuel Macron, publicou no X que partilhava "o imenso alívio e alegria" dos familiares, "após 483 dias de um inferno inimaginável".

O dirigente mostrou-se também confiante na libertação do último refém franco-israelita ainda nas mãos do Hamas, Ohad Yahalomi, e prometeu que a França está a fazer "tudo o que está ao seu alcance" para assegurar a sua entrega.

A quarta troca entre Israel e o Hamas

Desde o início das tréguas, a 19 de janeiro, foram libertados 15 reféns em troca de centenas de prisioneiros palestinianos detidos em Israel.

A troca deste sábado é a quarta realizada no âmbito da trégua. Uma organização não-governamental palestiniana indicou que Israel libertará hoje 183 prisioneiros.

Um total de 33 reféns israelitas deverão ser libertados em troca de quase dois mil prisioneiros palestinianos durante as seis semanas iniciais da trégua.

Israel diz ter recebido informações do Hamas de que oito dos reféns foram mortos no ataque do Hamas, a 7 de outubro de 2023, ou morreram mais tarde, já em cativeiro.

- Com Lusa