O grupo extremista palestiniano Hamas anunciou esta terça-feira que vai entregar na quinta-feira a Israel os corpos de quatro reféns, incluindo de duas crianças e da mãe, no âmbito do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza.

"Entregaremos os quatro corpos dos prisioneiros de ocupação na quinta-feira, 20 de fevereiro, incluindo os corpos da família Bibas", anunciou hoje o chefe negociador do Hamas, Jalil al Haya, segundo a agência espanhola EFE.

Israel confirmou ter recebido a informação da devolução dos corpos, antes da libertação no sábado de mais seis reféns raptados por comandos do grupo palestiniano no ataque de 7 de outubro de 2023.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, citado num comunicado do seu gabinete, disse que se trata dos últimos seis reféns vivos previstos na primeira fase da trégua em Gaza, em vigor desde 19 de janeiro.

"Esta quinta-feira, Israel vai receber os corpos de quatro reféns mortos", disse Netanyahu, de acordo com a agência francesa AFP.

Netanyahu acrescentou que mais quatro corpos de reféns deverão ser devolvidos na próxima semana.

Menino tinha apenas nove meses quando foi raptado pelo Hamas

Os quatro corpos que serão entregues na quinta-feira incluem os de Shiri Bibas, de nacionalidade argentina, e dos seus dois filhos, Ariel e Kfir, de 5 e 2 anos. Kfir foi o refém mais jovem raptado em 7 de outubro, quando tinha apenas 9 meses de idade, no Kibbutz Nir Oz, a apenas 1,5 quilómetros da fronteira de Gaza.

Em novembro de 2023, o braço armado do Hamas afirmou que os três tinham sido mortos em bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, o que Israel não pôde confirmar.

O pai das crianças, o israelita Yarden Bibas, foi libertado com vida em 1 de fevereiro, após 16 meses de cativeiro. Jalil al-Haya disse que o Hamas decidiu entregar os corpos "como parte dos preparativos para a segunda fase das negociações sobre os colonatos", segundo a agência espanhola Europa Press.

Segundo o diário palestiniano Filastin, entre os reféns que serão libertados no sábado estão pessoas raptadas em 7 de outubro, mas também duas que estão em cativeiro há cerca de 10 anos.

Trata-se de Avraham Mengistu, um etíope-israelita, e de Hisham al Sayed, um beduíno israelita, que entraram por sua iniciativa na Faixa de Gaza em 2014 e 2015, respetivamente, tendo sido detidos e colocados sob custódia do Hamas.Cada um dos reféns israelitas será trocado por 77 prisioneiros palestinianos, tal como estipulado no acordo, incluindo 47 dos 1.000 que foram libertados no chamado acordo Shalit de 2011 e novamente detidos algum tempo depois.

"Sublinhamos a necessidade de obrigar a ocupação [Israel] a aplicar todas as cláusulas do acordo, sem exceções nem adiamentos", disse Jalil al-Haya.

O chefe dos negociadores do Hamas apelou também à entrada de equipamento pesado em Gaza"'para recuperar os corpos dos martirizados" pela ofensiva de Israel contra o enclave que se seguiu ao ataque de 7 de outubro.