O primeiro-ministro de Israel anunciou, na madrugada deste domingo, que a libertação de prisioneiros palestinianos prevista para sábado será adiada até que o Hamas garanta a libertação dos próximos reféns de Gaza, segundo um comunicado.

"Foi decidido adiar a libertação dos terroristas prevista para ontem [sábado], até que seja garantida a libertação dos próximos reféns, e sem cerimónias degradantes", indicou o gabinete de Benjamin Netanyahu em comunicado, após horas de adiamento da libertação dos prisioneiros.

O Comité para os Assuntos dos Detidos e Ex-Detidos do Governo palestiniano confirmou a notícia pouco depois, num outro comunicado:

"Adiamento da libertação dos prisioneiros palestinianos pela ocupação israelita até nova ordem".

No comunicado, Netanyahu afirma que a razão para o atraso na libertação dos prisioneiros foi as "repetidas violações" do acordo de cessar-fogo do Hamas, referindo-se a "cerimónias que depreciam os reféns para fins de propaganda".

Libertados seis reféns do Hamas no sábado

No sábado, tal como nas trocas anteriores, o Hamas submeteu os reféns libertados a etapas com milicianos antes de os entregar à Cruz Vermelha.

Além disso, à noite, o grupo islamita divulgou um vídeo de propaganda que mostra dois outros prisioneiros ainda no enclave, Evyatar David e Guy Gilboa Dalal, a assistir à libertação, de manhã, de Omer Wenkert, Omer Shem Tov e Eliya Cohen.

A partir do veículo, os dois reféns apelaram a Netanyahu para que prosseguisse com o cessar-fogo.

Minutos antes do anúncio de Netanyahu, o Crescente Vermelho Palestiniano declarou que se preparava para transferir um dos prisioneiros, Kazem Zawahira, diretamente para um hospital em Belém (sul da Cisjordânia), assim que fosse libertado da prisão.

Na sequência do anúncio israelita, a organização retirou as ambulâncias do ponto de recolha.

O Comité dos Assuntos dos Detidos anunciou, às 23:57 locais (21:57 TMG), que em Ramallah, o ponto de libertação dos prisioneiros na Cisjordânia, as autoridades estavam prontas para receber o autocarro com os prisioneiros.

Os meios de comunicação social israelitas informaram igualmente que Israel se preparava para deixar sair da prisão os autocarros com os detidos, mas pouco mais de uma hora depois, o Governo israelita anunciou a suspensão temporária da libertação.

Israel condiciona agora a libertação dos prisioneiros palestinianos à garantia, por parte do Hamas, da libertação dos próximos reféns em Gaza, embora o comunicado não especifique se isso afeta apenas os quatro mortos que os islamitas deverão entregar na próxima quinta-feira (a última da primeira fase do cessar-fogo) ou o resto dos cativos no enclave.

Hamas acusa Israel de “colocar todo o acordo de tréguas em sério perigo”

"Ao retardar a libertação dos nossos prisioneiros (...), o inimigo comporta-se como um bandido e põe em grave perigo todo o acordo" de tréguas, declarou à AFP Bassem Naïm, alto responsável do Hamas, apelando aos mediadores que permitiram o acordo, "em particular aos Estados Unidos", para fazerem "pressão sobre o inimigo, para cumprir o acordo e libertar imediatamente o grupo de prisioneiros".

Os combates entre as duas partes cessaram em 19 de janeiro, no âmbito de um acordo de cessar-fogo negociado por vários mediadores internacionais: Estados Unidos, Qatar e Egito.