Os procuradores reforçaram hoje os seus argumentos para uma sentença severa, frisando que o republicano de 36 anos de Nova Iorque menosprezou o Departamento de Justiça dos EUA e apresentou-se como vítima de excesso de autoridade, em várias publicações na rede social X.

"Esta conduta é antitética ao 'remorso genuíno' alegado pelos advogados de Santos. As suas ações falam mais alto do que quaisquer palavras e clamam por uma pena de prisão significativa neste caso", escreveram os procuradores.

As publicações nas redes sociais começaram em 04 de abril, depois de os procuradores e advogados de Santos terem enviado os seus memorandos de sentença a um juiz para consideração, antes de conhecer a sentença a 25 de abril no tribunal federal de Long Island.

"Não importa o quanto o Departamento de Justiça venha atrás de mim, estão furiosos porque NUNCA me vão quebrar o espírito", apontou Santos, filho de imigrantes brasileiros, numa publicação.

Noutra publicação no X, negou ter utilizado contribuições de campanha para comprar produtos de luxo da Hermès, o que os procuradores mencionaram especificamente nos documentos judiciais.

"Mesmo nesta fase tardia, ele simplesmente recusa-se a assumir totalmente as suas ações", escreveram os procuradores no processo de hoje, que incluiu capturas de ecrã das publicações nas redes sociais.

Os procuradores pedem uma pena de sete anos de prisão para Santos, apontando que os seus "crimes sem precedentes" denegriram o sistema eleitoral do país.

Sugeriram ainda que tem uma "alta probabilidade de reincidência", uma vez que não perdeu nenhum dos seus rendimentos ilícitos nem reembolsou nenhuma das vítimas.

Entretanto, os advogados de Santos pediram uma pena de prisão de dois anos, que é a pena mínima obrigatória para o roubo de identidade.

Os advogados argumentam que Santos não tem antecedentes criminais e que tal sentença está de acordo com as aplicadas ao ex-congressista federal Jesse Jackson Jr. e a outras figuras políticas que enfrentaram crimes financeiros semelhantes.

Santos admitiu em agosto que enganou eleitores, iludiu doadores e roubou as identidades de quase uma dúzia de pessoas, incluindo os seus próprios familiares, para fazer donativos para a sua campanha para o Congresso.

Como parte do acordo judicial, concordou em pagar quase 375.000 dólares de restituição e 205.000 dólares de confisco.

Santos foi eleito em 2022 para representar partes de Queens e Long Island, mas serviu apenas um ano no cargo antes de ser destituído pelos seus colegas da Câmara dos Representantes --- o sexto na história da câmara baixa do Congresso norte-americano.

A queda política do então republicano em ascensão ocorreu depois de ter sido revelado que tinha inventado grande parte da sua história de vida, levantando questões sobre a forma como o desconhecido político tinha financiado a sua campanha vitoriosa.

Santos apresentou-se como um rico empresário que trabalhava em prestigiadas empresas de Wall Street e possuía um valioso portefólio imobiliário quando, na realidade, estava em dificuldades financeiras e até corria o risco de despejo.

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