Um norte-americano feito refém há mais de dois anos pelos talibãs no Afeganistão foi libertado, após um acordo mediado por negociadores dos Estados Unidos e do Qatar, informou hoje o Departamento de Estado dos EUA.

George Glezmann, um mecânico de aviões de Atlanta, é o terceiro detido norte-americano a ser libertado pelos talibãs desde janeiro. Enquanto viajava como turista pelo Afeganistão, o homem foi capturado pelos serviços secretos dos talibãs em dezembro de 2022 e, no ano seguinte, a administração dos EUA criticou a detenção.

Glezmann estava a ser acompanhado de volta aos Estados Unidos, através da capital do Qatar (Doha), por Adam Boehler, que tem gerido as questões de reféns para a administração do Presidente Donald Trump. O Qatar tem sido palco de negociações entre os EUA e os talibãs ao longo dos anos.

A colocação em liberdade de Glezmann integra o processo descrito pelos talibãs como a "normalização" dos laços entre os EUA e o Afeganistão após a retirada dos norte-americanos daquele país em 2021. A maioria dos países ainda não reconhece o domínio dos talibãs, recuperado desde então.

A libertação estava prevista num acordo independente, celebrado nos últimos dias da administração do anterior presidente dos EUA, Joe Biden, e também mediado pelo Qatar, que garantiu igualmente a libertação de Ryan Corbett e William McKenty.

Na altura, o Ministério dos Negócios Estrangeiros dos talibãs em Cabul afirmou que os dois norte-americanos tinham sido trocados por Khan Mohammed, condenado a duas penas de prisão perpétua em 2008, depois de ter sido condenado ao abrigo das leis de narcoterrorismo dos EUA.

Os EUA não cederam agora qualquer prisioneiro em troca da libertação de Glezmann, que foi vista como um gesto de boa vontade, segundo um funcionário conhecedor do assunto, que falou com a agência noticiosa AP sob anonimato devido à sensibilidade das negociações.

Os talibãs revelaram esta quinta-feira que Boehler se tinha reunido sobre questões relacionadas com reféns com uma delegação que incluía o Ministro dos Negócios Estrangeiros afegão, Amir Khan Muttaqi.

Antes de deixar a Casa Branca, Joe Biden contemplou uma proposta anterior que teria envolvido a libertação de Glezmann e de outros norte-americanos em troca de Muhammad Rahim, um dos restantes detidos na Baía de Guantanamo, em Cuba.

Mas Biden disse às famílias, durante um telefonema em janeiro, que não apoiaria a troca de Rahim a menos que os talibãs libertassem o empresário afegão-americano Mahmood Habibi.

As autoridades norte-americanas acreditam que os talibãs mantêm Habibi preso, mas os talibãs já o negaram.