Do teatro para o papel, a Tinta-da-China publica "Na medida do impossível", novo livro de Tiago Rodrigues a partir da peça que escreveu e encenou sobre trabalhadores humanitários, assim como "O fim foi visto", primeiro livro da atriz e criadora Teresa Coutinho na editora, a partir da peça homónima ainda em cena, sobre caça às bruxas".

A Tinta-da-China publica também, em novo formato, a "Obra poética completa" de Edgar Allan Poe, há muito esgotada, com tradução de Margarida Vale de Gato e ilustrações de Filipe Abranches.

"Eles pensavam que eram livres", de Milton Mayer, é outro dos destaques da editora, um "relato perturbador" sobre a forma como o fascismo se apoderou da Alemanha entre 1933 e 1945", a partir de entrevistas a homens "banais" que aderiram ao partido nazi e que falam sobre como a cumplicidade com o mal se "instala discretamente".

Na Alfaguara, o destaque é a publicação do primeiro livro da realizadora de cinema Virginia Tangvald, "Os filhos do mar alto", uma mistura de autobiografia e ficção, que reconstrói o seu passado familiar, com mortes e naufrágios.

Largamente premiado, este livro foi adaptado pela autora a documentário, que se estreou no ano passado no Festival de Cinema de Montreal.

A Cavalo de Ferro vai publicar os mais famosos e inéditos 'romans durs' de Georges Simenon, livros que o autor assim designou para os distinguir dos policiais "Maigret", a começar com "A neve estava suja", o seu romance existencialista, e "As janelas defronte", o chamado "romance russo" do autor.

Na mesma chancela serão também publicados "Um episódio na vida do pintor viajante", uma das obras mais representativas de César Aira, inspirada na vida e obra do pintor alemão do século XIX Johan Moritz Rugendas, e "A ponte sobre o Drina", romance-crónica e épico europeu do século XX, da autoria do Nobel de Literatura Ivo Andric.

A escritora portuguesa Cláudia Andrade regressa aos contos com "A ressurreição de Maria", e chega um novo livro de contos da argentina Samanta Schweblin, "O bom mal", ambos publicados na Elsinore.

A Companhia das Letras apresenta novos livros de Hugo Gonçalves, "Filho do pai", que fecha o díptico iniciado com "Filho da mãe", e recupera "Depois de morrer aconteceram-me muitas coisas", segundo romance de Ricardo Adolfo, originalmente publicado em 2009, autor que viveu em diferentes países da Europa e da Ásia, que aqui aborda a condição de emigrante.

A mesma chancela estreia uma nova ficcionista portuguesa, Ana Cláudia Santos, que publica "Lavores de Ana", uma história de amores e desamores passada entre Nápoles e Lisboa.

Na Suma de Letras, a cantora e compositora Rita Redshoes lança o seu primeiro romance, "Crescer à sombra", uma história de amadurecimento, parte autobiografia, parte ficção.

"Quem tem medo dos santos da casa", de Sara Duarte Brandão, é uma das apostas da Dom Quixote para março, um romance inspirado na história dos santos do escultor Altino Maia, que foram retirados da Igreja de São Pedro da Afurada, vencedor do Prémio Literário Cidade de Almada 2023.

A mesma editora lança o novo livro de Chimamanda Ngozi Adichie, "Inventário de Sonhos", e publica duas obras de escritoras argentinas: "Não é Um Rio", de Selva Almada, romance finalista do Prémio Booker Internacional 2024 e vencedor do Prémio Illa-Letteratura, e "Naquele dia", de Laura Alcoba, autora inédita em Portugal, um romance inspirado numa história verdadeira e trágica, ocorrida nos anos 1980 em Paris.

"O Palácio de Gelo", apresentado como obra-prima do escritor norueguês Tarjei Vesaas, também será publicado pela Dom Quixote.

O romance "James", de Percival Everett, que recria Huckleberry Finn, de Mark Twain, vencedor do National Book Award e do Prémio Kirkus, e finalista do Prémio Booker, vai ser publicado pela Livros do Brasil, com tradução de Bruno Vieira Amaral.

A mesma chancela vai lançar "Eu que não conheci os homens", de Jacqueline Harpman, ainda inédito em Portugal, um romance "inquietante sobre companheirismo, liberdade e o que faz de nós humanos", nas palavras da editora.

Na Porto Editora será publicado "Quarenta árvores em discurso direto", do ex-ministro António Bagão Félix, grande apreciador de botânica, que tem num terreno no Alto Alentejo mais de 250 espécies diferentes de árvores e plantas.

"A Convidada", de Emma Cline, "Transgressões", de Louise Kennedy, "As Sereias", de Emilia Hart, e "As histórias que nos matam", de Maria Isaac, são outras novidades da editora.

A Assírio & Alvim publica "Poemas 1964 -- 1979", o segundo volume da poesia completa de Pedro Homem de Mello, "Adeus, Campos Felizes", de Rui Laje, e "Atravessar o Frio II", de Luísa Freire.

Pela Quetzal chega "Tese Sobre uma Domesticação", romance da argentina Camila Sosa Villada, recentemente adaptado ao cinema, uma nova edição de "Assassinato no Comité Central", de Manuel Vázquez Montálban, "Morramos ao Menos no Porto", de Francisco Mota Saraiva, e "Murmúrio", de Will Eaves, baseado na vida do matemático e cientista informático britânico Alan Turing.

No mês de março, a Relógio d'Água traz "Luto sem bússola", um livro em que Carme López Mercader fala sobre a morte do marido, o escritor Javier Marias (1951-2022), com quem viveu mais de 30 anos.

"Paz ou Guerra", do escritor russo-suíço Mikhail Shishkin, inédito em Portugal, é outra das novidades, um livro lançado no ano passado que analisa os contornos violentos da história da Rússia e examina a relação conturbada entre aquele país e os seus cidadãos.

Neste mês chega ainda "Boulder", um romance de 2020 da escritora catalã Eva Baltasar, selecionado para o Prémio Booker Internacional, que explora os diferentes lados do amor e da maternidade, através de um casal de duas mulheres. Esta obra dá continuidade a "Permafrost", livro que foi publicado em Portugal em 2021 pela Kalandraka.

A Antígona propõe "Ideias para adiar o fim do mundo" e "Futuro ancestral", de Ailton Krenak, autor brasileiro ativista do movimento socioambiental e de defesa dos direitos indígenas.

Um dos destaques da Editorial Presença para este mês é "Os olhos de Mona", do historiador de arte francês Thomas Schlesser que, com este romance sobre um avô que tem 52 semanas para, através da arte, mostrar a beleza do mundo à neta, que está a cegar, oferece ao leitor não só uma história de amor, mas também uma viagem por obras artísticas de Botticelli a Vermeer, de Goya a Courbet, entre muitas outras.

A Presença edita também "O pôr-do-sol nascente", de Osamu Dazai (autor de "Um homem em declínio"), considerado um dos mais importantes livros japoneses do século XX, ainda inédito em Portugal.

As Edições 70 publicam em março "Semper Dolens - História do Suicídio no Ocidente", do espanhol Ramón Andrés, uma reflexão histórica, filosófica e poética sobre a condição humana, bem como "Do prazer de odiar e outros ensaios", um clássico inédito em Portugal, da autoria do ensaísta inglês do início do século XIX William Hazlitt.

Também da Almedina, mas na chancela Minotauro, vão ser publicados "Mania", de Lionel Shriver, autora de "Precisamos de falar sobre o Kevin", e "Nada menos que a liberdade", de Américo Brás Carlos, uma história de intriga e amor no alvor da democracia.

A Gradiva tem como destaque nas suas publicações o romance "O Mel sem abelhas", de Judite Canha Fernandes, vencedor do Prémio Literário Edmundo Bettencourt 2024, uma ficção histórica centrada na cultura da cana-de-açúcar na ilha da Madeira.

"A Literatura, o Bem Que Paga!", de Antoine Compagnon, é uma das principais novidades da Guerra e Paz, um livro que foi considerado pela revista Le Point um dos melhores de 2024, e que reúne as razões pelas quais devemos ler e mostra que o domínio da narrativa é, mesmo para a guerra, a melhor das armas.

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