Após cinco anos de interrupção, o grupo reuniu-se no final de dezembro, pela primeira vez desde 2019, num encontro que serviu para voltar a reforçar os laços entre os participantes, disse a Direitos Humanos na China (HRIC, na sigla em inglês).

No entanto, desta vez, os familiares de várias vítimas, devido à sua idade avançada e a problemas de saúde, não participaram na reunião, acrescentou a organização, num comunicado.

O documento sublinhou a "realidade cruel e desoladora" de ter muitos dos seus familiares "assassinados sem que fosse feita justiça".

You Weijie, membro do coletivo, exprimiu na reunião "uma profunda gratidão às pessoas que se preocupam com a justiça e que deram o seu apoio constante ao longo dos anos".

"O massacre de Tiananmen continua a ser um capítulo doloroso e não resolvido", lê-se no relatório da HRIC, que acrescenta que o "futuro daqueles que procuram justiça permanece incerto".

"O luto por entes queridos inocentes é um direito humano fundamental - moral, emocional e legal - e nunca deve ser impedido", indicou o grupo, que apelou à comunidade internacional para que "faça um esforço para manter viva a memória dos acontecimentos de 1989" e para que "exija a responsabilização pelos factos ocorridos".

Os familiares afirmaram que continuarão a "lutar pela dignidade, justiça e direitos que todos os seres humanos devem ter" até que "as autoridades reconheçam o massacre de Tiananmen, peçam desculpa às famílias das vítimas e tratem honestamente desta atrocidade".

Em 2024, assinalou-se o 35º aniversário do massacre de Tiananmen (1989), quando o Exército de Libertação Popular (exército chinês) dispersou manifestações estudantis no centro de Pequim com tropas e tanques que mataram um número desconhecido de pessoas.

Três décadas depois, o número real de vítimas do massacre permanece desconhecido. Estimativas de diferentes entidades variam entre centenas e vários milhares de vítimas mortais.

O massacre de Tiananmen continua a ser tabu na China continental, onde as referências aos incidentes ou à data de 04 de junho de 1989 são rapidamente censuradas.

O massacre foi comemorado durante mais de 30 anos nas regiões de Macau e Hong Kong, mas eventos públicos ligados a Tiananmen estão proibidos nas duas cidades desde 2020, inicialmente devido à pandemia de covid-19.

 

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