Os resultados, publicados pela Academia Sinica, o principal centro de investigação da ilha, mostram que 21,1% e 23,3% dos inquiridos acreditam que Washington irá fornecer "muito menos" e "um pouco menos" apoio, respetivamente, para a defesa de Taiwan, em comparação com os últimos anos do mandato do democrata Joe Biden (2021-2025).

Em contraste, 5,7% acreditam que os EUA mostrarão "um pouco mais" de envolvimento, e 4,6% acreditam que será "muito mais", enquanto o maior grupo (38,5%) acredita que o nível de proteção permanecerá o mesmo.

Quando questionados se estavam preocupados que os Estados Unidos e a China pudessem chegar a acordos que prejudicassem os interesses nacionais de Taiwan, 59% dos inquiridos responderam afirmativamente.

Sobre a possibilidade de Washington enviar tropas para a ilha para repelir uma invasão chinesa, 18,7% disseram que "definitivamente não" o faria, e outros 23,7% disseram que "provavelmente não o faria".

Os resultados do estudo, realizado em meados de março e envolvendo mais de 1.200 inquiridos, foram divulgados na sexta-feira por Wu Wen-chin, investigador do Instituto de Ciência Política da Academia Sinica, durante um seminário em Taipé.

De acordo com o especialista, citado pela agência de notícias estatal CNA, os resultados da sondagem refletem a forma como a abordagem de Trump à política externa "aumentou a ansiedade" entre os taiwaneses sobre as relações Taiwan-EUA.

A sondagem foi realizada depois de, no final de fevereiro, Trump ter evitado comprometer-se a impedir uma invasão chinesa de Taiwan e reconhecido que tinha uma "ótima relação" com o homólogo chinês, Xi Jinping.

Durante mais de sete décadas, os EUA estiveram envolvidos em disputas entre os dois lados, uma vez que Washington é o principal fornecedor de armas para Taipé e, embora não tenha laços diplomáticos com a ilha, poderá defendê-la em caso de conflito com Pequim.

Esta postura tem provocado constantes atritos entre os EUA e a China, cujo governo definiu a "questão taiwanesa" como a "linha vermelha" nas relações entre as duas potências.

Taiwan é governada autonomamente desde 1949, sob o nome de República da China, e possui Forças Armadas e um sistema político, económico e social diferente do da República Popular da China, destacando-se como uma das democracias mais avançadas da Ásia.

No entanto, Pequim considera a ilha uma "parte inalienável" de território chinês e, nos últimos anos, intensificou a campanha de pressão contra Taiwan, a fim de conseguir a "reunificação nacional", que é fundamental para o objetivo a longo prazo de Xi Jinping de "rejuvenescer" a nação chinesa.

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