As autoridades iranianas apresentaram esta quarta-feira um moderno navio de reconhecimento, noticiaram os meios de comunicação oficiais, numa altura em que as forças armadas realizam manobras para garantir a segurança das instalações nucleares da República Islâmica.

"O primeiro navio de inteligência do país, chamado 'Zagros', está a ser integrado nas operações de combate da marinha", anunciou a televisão iraniana, citada pela agência francesa AFP.

O navio está equipado com "sensores eletrónicos, um moderno mastro integrado que permite calcular com precisão os efeitos das ondas eletromagnéticas, capacidades de interceção de elementos ativos e passivos, operações cibernéticas e vigilância inteligente", segundo a fonte.

O 'Zagros" foi inteiramente produzido no Irão, acrescentou a TV iraniana.

O Irão está a realizar exercícios militares denominados "Eqtedar" ("Poder", em persa) desde a semana passada, que deverão prolongar-se até meados de março.

Participam nos exercícios as forças armadas e os Guardas da Revolução, o exército ideológico da República Islâmica.

"O navio 'Zagros' será o olho vigilante da marinha iraniana nas profundezas dos mares e oceanos", disse o comandante da marinha, almirante Shahram Irani, citado pelos meios de comunicação social.

As manobras visam proteger as instalações nucleares iranianas, em especial Natanz e Fordo, no centro do país, e Khondab, a oeste.

Os exercícios ocorrem num momento de tensão no Médio Oriente e a poucos dias da posse de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos, marcada para segunda-feira, 20 de janeiro.

As tensões sobre o programa nuclear iraniano aumentaram no primeiro mandato de Trump (2017-2021), quando Washington se retirou de um acordo histórico de 2015 que oferecia a Teerão alívio das sanções internacionais em troca de restrições às suas ambições nucleares.

O Irão aderiu ao acordo até à retirada unilateral dos Estados Unidos em 2018, altura em que começou a renegar os compromissos que tinha assumido.

De acordo com o sítio de notícias norte-americano Axios, o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, apresentou recentemente ao Presidente Joe Biden opções para um possível ataque às instalações nucleares iranianas.

O ataque seria considerado se Teerão avançasse para o desenvolvimento de uma arma nuclear antes do final do mandato de Biden, segundo a mesma fonte.

Os iranianos defendem terem direito à energia nuclear para fins civis e negam que pretendam adquirir armas nucleares, algo de que o Ocidente tem fortes suspeitas.

Segundo a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), o Irão é o único Estado não detentor de armas nucleares a enriquecer urânio até 60%, próximo dos 90% necessários para fabricar uma arma atómica.