A manifestação contra o Presidente da Turquia e a favor de seu provável rival nas próximas eleições, Ekrem Imamoglu, o prefeito de Istambul suspenso do cargo e preso domingo por acusações de corrupção, começou hoje com milhares de participantes.

O partido social-democrata CHP, o maior partido da oposição, tinha convocado o protesto como forma de apoio a Imamoglu, o seu candidato presidencial às próximas eleições, previstas para 2028, cuja acusação considera um mero pretexto para o eliminar da corrida política.

Às 13:00 (10:00 em Lisboa), cerca de 200 mil pessoas já se encontravam na esplanada de Maltepe e outros continuavam a chegar a este parque à beira-mar, no lado asiático de Istambul.

"O metro está tão cheio que nem sequer conseguimos sair na paragem certa e tivemos de continuar até à paragem seguinte e depois voltar a pé. Noventa por cento são jovens", disse à agência EFE Hasan Yildirim, um dos participantes.

"Isto é um rio humano. Nunca vi nada assim na minha vida", acrescentou o empresário de 65 anos.

Entre os primeiros a discursar encontravam-se a mulher do presidente da câmara preso, Dilek Imamoglu, e o presidente da câmara de Ancara, Mansur Yavas, outro nome forte do CHP e há muito rival interno de Ekrem Imamoglu para a nomeação presidencial, mas que agora o apoia totalmente.

O partido de esquerda pró-curdo DEM, a terceira maior força no parlamento, apoiou na sexta-feira a manifestação e apelou aos seus apoiantes para que se deslocassem à esplanada, embora as bandeiras e os cartazes fossem maioritariamente do CHP e dos sindicatos de esquerda turcos.

Num discurso perante a multidão, o deputado social-democrata Sezgin Tanrikulu descreveu o julgamento de Imamoglu como uma "vingança" para afastar da corrida presidencial um político que derrotou o partido islâmico AKP de Erdogan nas eleições municipais de 2019 em Istambul.

Quando as primeiras eleições desse ano foram anuladas devido à margem de vitória muito reduzida de Imamoglu, o presidente da câmara ganhou por 800.000 votos na nova eleição e aumentou essa vantagem para um milhão nas eleições de 2024, tornando-se a figura da oposição mais popular do país.

A sua detenção há dez dias e a sua prisão preventiva no domingo passado provocaram grandes protestos, não só em Istambul, mas também em muitas outras províncias turcas e uma resposta severa do Governo, que deteve quase 1.900 pessoas por participarem nas manifestações.