Bastou apenas um dia para que a minissérie “Adolescência” alcançasse o primeiro lugar entre as séries mais vistas da plataforma de streaming Netflix. Dirigida por Philip Barantini e escrita por Stephen Graham e Jack Thorne, esta série de apenas 4 episódios conquistou não só os especialistas e críticos de cinema, como o público em geral.

“O que é que faria se o seu filho adolescente fosse acusado de homícidio?”, é a pergunta de partida para esta narrativa. A história fala sobre uma família que vê a sua vida mudar drasticamente, depois de um dos seus membros - Jamie Miller (interpretado por Owen Cooper), de 13 anos - ser preso pelo homicídio de uma adolescente que frequentava a sua escola.

À medida que o caso vai avançando, vários segredos acabam por ser revelados, colocando em causa a confiança e a relação entre pai e filho. “Podíamos ter feito um drama sobre gangues e crimes com facas, ou sobre um miúdo cujo pai é um agressor violento. Em vez disso, queríamos que olhassem para esta família e pensassem: ‘Isto podia estar a acontecer-nos”, disse Graham à Netflix.

Expresso


Num artigo detalhado sobre a série, a Netflix esclarece que, “embora a história de Jamie, especificamente, não se baseie numa pessoa ou acontecimento real, a ideia para a série surgiu de relatos que o co-criador Graham tinha ouvido nas notícias, de jovens rapazes envolvidos em crimes com facas.

“Houve um incidente em que um rapaz [alegadamente] esfaqueou uma rapariga. Isso chocou-me. Fiquei a pensar ‘O que é que se na sociedade quando um rapaz esfaqueia uma rapariga até à morte?’”, explicou o autor. “Eu só queria mesmo lançar uma luz sobre o assunto e perguntar: ‘Porque é que isto está a acontecer hoje? O que é que se está a passar? Como é que chegámos a isto?’, concluiu.

para Jack Thorne, o processo de criação da série acabou por fazê-lo refletir sobre a sua própria identidade, como homem, pai, parceiro e amigo. “É uma viagem que nunca tinha feito como escritor e que me assustou e entusiasmou”, explicou.

Série foi filmada num plano contínuo

Um dos aspetos mais impressionantes desta série prende-se com o facto de cada episódio (que variam entre 50 minutos a uma hora) ter sido filmado em plano-sequência.

“É muito mais complicado do que parece. São precisos meses de preparação e semanas de ensaios e uma equipa incrível de pessoas para o conseguir fazer em todas as fases, desde o guião aos locais e ao design de produção, até onde exatamente a câmara vai poder filmar e de que ângulo.”, esclareceu Philip Barantini à Netflix.

Esta não é a primeira vez que o realizador britânico recorre à gravação num plano contínuo. Também no filme “O Chef”, de que fez parte, foi utilizada a mesma estratégia. A história, filmada em Inglaterra, conta, até ao dia de hoje, com classificações de 100% e 75%, atribuídas por críticos de cinema e pelo público em geral, respetivamente, no portal Rotten Tomatoes.