Ana Paula Martins está esta manhã a responder aos deputados sobre a "refundação" do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) que tem defendido. O INEM deverá reforçar o seu papel como regulador, como autoridade de emergência médica pré-hospitalar, e para isso irá ver o seu estatuto alterado para instituto público de regime especial, com um conselho de administração com mais um vogal, passando para dois, e um presidente. A autonomia será maior, garantindo que o financiamento é o necessário, não transitando para outros fins por decisão do Governo.
O plano para refundar o INEM não prevê qualquer privatização do socorro. Ana Paula Martins foi taxativa: "Esta Governo não vai privatizar o Centro de Orientação de Doentes Urgentes". A resposta será antes mais alargada, para incluir também a Cruz Vermelha, a par com os bombeiros, nas decisões do INEM, através da sua estrutura científica.
E os portugueses vão ter de saber princípios básicos de socorro, desde logo, suporte básico de vida. A formação deverá começar nas escolas, no caso, para os alunos do 10.º ano de escolaridade. Já sobre a formação dos técnicos de emergência pré-hospitalar, a ministra reiterou a participação das escolas médicas, incluindo a parte mais prática em unidades do Serviço Nacional de Saúde, para aumentar a capacidade de preparação dos quadros. O INEM tem cerca de 700 técnicos e precisa de duplicar este número. Além disso, deverá ser também necessário dar mais formação aos elementos dos bombeiros e da Cruz Vermelha para elevar a qualidade e a proficiência da resposta à população.
O reforço do número de profissionais ao serviço do INEM é crucial e a própria ministra fez esse reconhecimento. "Os técnicos de emergência pré-hospitalar fazem milhares e milhares de horas extraordinárias e isso não é vida para ninguém." Ainda assim, o início da negociação com o sindicato apenas aconteceu após a 'crise no INEM' com a paralisação dos profissionais no início de novembro. Um protesto associado à morte de 12 pessoas e que sob investigação da Inspecção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS). Já depois da abertura do inquérito pela IGAS, a ministra assumiu a tutela direta da inspeção sob críticas generalizadas, pois a própria Ana Paula Martins disse que tiraria as devidas consequências do relatório que vier a ser publicado. Esta quarta-feira, aos deputados, a ministra garantiu que a IGAS é "independente".
As várias medidas anunciadas por Ana Paula Martins estão em sintonia com algumas das propostas que os peritos têm feito. E muitas deverão integrar a estratégia que a comissão independente para modernizar o socorro pré-hospitalar, a criar pela ministra, apresentará ao Governo.
Socorro com inteligência artificial
No Parlamento, Ana Paula Martins avançou ainda que vai aceitar a oferta da Sword Health para introduzir processos de inteligência artificial no INEM, noticiada há algumas semanas pelo Expresso. Para já, o objetivo é modernizar as soluções tecnológicas para agilizar a resposta. “Já iniciámos o desenvolvimento de soluções tecnológicas. Aliás, a Altice, que é a operadora com quem trabalhamos, já tinha essas soluções, só que nunca tinham sido adoptadas.” Por exemplo, mecanismos para assegurar redundâncias, permitindo tempos de espera em linha de “menos de 20 segundos”. A inovação está para breve: “O CODU tem muitas deficiências e equipamentos muito pouco modernos” e a IA chegará “dentro de poucas semanas”.