![Ministro da Defesa de Moçambique admite que protestos criaram](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
"As ações de rua que o país viveu e o mundo testemunhou criaram um sentimento de terror. As famílias e as comunidades vivenciaram momentos infelizes, de receberem em direto notícias sobre a morte dos seus entes queridos por consequência do estado de caos imposto, na tentativa de reduzir a quase nada a autoridade do Estado", disse Cristóvão Chume.
O ministro moçambicano falava durante a cerimónia de tomada de posse de João Carlos Pires para novo diretor do Centro de Análise Estratégica da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CAE/CPLP), em Maputo, capital de Moçambique.
Moçambique vive desde 21 de outubro um clima de forte agitação social, protestos, manifestações e paralisações, convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, com confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes, que causaram pelo menos 327 mortos.
Segundo o ministro da Defesa moçambicano, as manifestações causaram prejuízos incalculáveis para Moçambique e outros países da região, defendendo, por isso, reformas profundas na política de defesa e segurança para acompanhar a "evolução meteórica" da sociedade.
Para Cristóvão Chume, a violência registada desde outubro no país pode abrir espaço, no futuro, para a "decapitação da unidade nacional" e a expansão do terrorismo no país, que fustiga Cabo Delgado, província do norte de Moçambique, desde outubro de 2017.
"Nada do que vivemos estávamos preparados, enquanto sociedade e enquanto Estado. As Forças de Defesa e Segurança foram chamadas a responder a esta situação de quase 'Estado de Sítio' imposta através das redes sociais, onde a afronta à lei, a impunidade, a queima da dignidade individual e coletiva era o dia-a-dia", referiu o governante.
O responsável apelou ainda para que o CAE/CPLP estude a melhor forma de prevenir, conter e combater a "violência de rua e nas redes sociais" resultante de eventos políticos, considerando não se tratar de um cenário novo na comunidade.
"Hoje não restam dúvidas que estamos bastante expostos ao sufrágio popular. Contudo, não deve prevalecer o discurso de eu e eles quando se trata de segurança coletiva", acrescentou Chume.
Pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 pessoas foram baleadas durante os protestos em Moçambique, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.
LN // JMC
Lusa/Fim