"A nossa mensagem aos nossos amigos na América é que a história nos julgará pelos desenvolvimentos após a assinatura do acordo, e não apenas pelo momento em que qualquer possível acordo está a ser assinado", afirmou, a propósito da suspensão da ajuda militar dos Estados Unidos a Kiev. 

O Presidente norte-americano, Donald Trump, determinou na segunda-feira a suspensão do apoio militar à Ucrânia, que combate a invasão russa, na sequência da altercação durante a visita, na semana passada, do homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, à Casa Branca.

Durante um evento no centro de estudos britânico Chatham House, em Londres, Valtonen criticou a estratégia da administração Trump de "apaziguar na prática a Rússia e exercer alguma pressão sobre a Ucrânia" para forçar negociações de paz. 

"Na minha opinião pessoal, deveria ser exatamente o contrário. Mas estou certo de que, e confio que o Presidente Trump e a sua equipa se aperceberão, a seu tempo, de que isto provavelmente não funciona", advertiu. 

A chefe da diplomacia finlandesa lamentou que, "infelizmente, a experiência que temos na Europa é que, especialmente durante o regime de Putin, eles [russos] não estão dispostos a aceitar quaisquer compromissos".

Como exemplo, referiu a invasão russa da Geórgia em 2008, a anexação da Crimeia em 2014 e de território no leste da Ucrânia e o desrespeito pelos acordos de Minsk, que previam um cessar-fogo. 

"A Rússia partilha uma fronteira terrestre com 14 países. Apenas um deles se manteve constantemente como uma democracia independente durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, e esse país é a Finlândia. A história ensinou-nos que a Rússia só respeita a força e a determinação", argumentou. 

Valtonen recordou a invasão russa da Finlândia em 1939, à qual o país resistiu mas que só acabou no ano seguinte, após ceder território. 

"Ensinou-nos uma lição de que temos de investir na defesa e na dissuasão porque na altura ninguém veio ajudar a Finlândia", lembrou. 

O país, que tem uma fronteira de 1.340 quilómetros com a Rússia, aderiu à NATO em 2023, na sequência da invasão da Ucrânia, em 2022, e tem dado assistência a Kiev, a qual pretende manter. 

"Aconteça o que acontecer nesta guerra, a Rússia continuará a ser uma ameaça estratégica a longo prazo para a segurança euro-atlântica. Em vez de a encorajarmos, temos de a manter à distância", avisou a ministra.

Elogiando o plano da União Europeia apresentado hoje pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de mobilizar 800 mil milhões de euros para investimento na defesa europeia e ajudar a Ucrânia, a ministra finlandesa admitiu que a Europa ainda precisa do apoio dos EUA. 

"Precisamos dos americanos militarmente, mas sobretudo também para manter a pressão das sanções. Porque a pior coisa que poderia acontecer agora é se os Estados Unidos levantassem as sanções e começassem a envolver-se economicamente com a Rússia, porque isso seria exatamente o curso de ação errado", enfatizou.

BM // JPS

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