O Governo de Espanha reafirmou esta segunda-feira o compromisso de aumentar a despesa com a defesa para 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2029, após um encontro do primeiro-ministro, Pedro Sánchez, com o líder da NATO, Mark Rutte.

Espanha é o país da NATO (a aliança militar que junta países europeus e da América do Norte) que menor percentagem do PIB destina ao gasto em defesa: 1,28% em 2024, segundo dados da própria organização.

Segundo um comunicado do Governo espanhol, Sánchez disse esta segunda-feira a Rutte que Espanha mantém o objetivo que já tinha assumido de aumentar a despesa em defesa para 2% do PIB em 2029, num momento em que o secretário-geral da NATO e alguns países membros da organização, como os EUA, defendem gastos superiores.

"Pedro Sánchez destacou que Espanha aumentou a despesa com a defesa em 70% na última década, sendo o terceiro país aliado [da NATO] que mais aumentou essa despesa", lê-se no comunicado divulgado pela Moncloa, a sede do Governo espanhol em Madrid, onde decorreu hoje o encontro com Rutte, após o qual não houve declarações a jornalistas.

Espanha está, por outro lado, entre os dez países da NATO que, em termos absolutos (e não em percentagem do PIB) mais gasta em defesa, segundo o mesmo comunicado.

"O presidente do Governo enfatizou que a segurança é mais do que a despesa com a defesa" e que Espanha "participa em todas as principais missões da NATO", revelou a Moncloa.

"Sánchez transmitiu a Rutte que Espanha é um aliado sério, responsável e comprometido dentro da NATO, solidário nas suas contribuições para as missões e operações da Aliança", realçou o executivo de Madrid, no mesmo comunicado.

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Sobre a Ucrânia, Sánchez disse a Rutte que "agora, mais do que nunca", Espanha apoiará as autoridades ucranianas "e promoverá a unidade da NATO no apoio à Ucrânia, já que a unidade continua a ser o ativo fundamental".

"Nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia e nada sobre a segurança da Europa sem a Europa", afirmou Sánchez no encontro com Rutte, segundo o mesmo comunicado.

No mesmo dia, Mark Rutte esteve também Lisboa

Antes deste encontro em Madrid, Mark Rutte esteve em Lisboa, onde se reuniu com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e onde defendeu que canalizar 2% do PIB de cada Estado-membro já não é suficiente para a defesa da Europa, em linha com o que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou esta semana.

"A ameaça da Rússia pode parecer longínqua, mas asseguro-vos que não é", alertou o líder da NATO, referindo que Moscovo tem armamento que consegue atingir a costa portuguesa.

Trump, que durante o seu primeiro mandato exigiu que todos os Estados-membros da aliança aumentassem os seus contributos para a organização atingindo os 2% da riqueza produzida, quer agora que o valor passe para os 5% do PIB.

Rutte defendeu ainda que o apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia deve manter-se como uma prioridade e que os países aliados têm de fazer tudo "para lhe dar uma posição de força" quando decidir ir para a mesa de negociações.

Nas declarações deste sábado do líder da NATO e do primeiro-ministro português, sem direito a perguntas dos jornalistas, Luís Montenegro afirmou que Portugal está disponível para antecipar "ainda mais" o prazo para que o país atinja um investimento de 2% do Produto Interno Bruto no setor da defesa.

Portugal já se tinha comprometido a atingir a meta em 2029, mas o primeiro-ministro admitiu que Portugal poderá ter de antecipar o objetivo.