Após a queda do regime de Bashar al-Assad, o novo Governo da Síria anunciou várias mudanças no plano curricular do país. De acordo com o Ministério da Educação sírio, através de uma publicação divulgada na rede social Facebook, os manuais escolares utilizados nas escolas vão deixar de fazer propaganda ao partido Baath, que esteve no poder nas últimas cinco décadas.

Além de terem sido eliminados poemas que façam referência às mulheres ou ao amor, as alterações incluem ainda algumas interpretações de um versículo do Alcorão, o livro sagrado do islamismo.

A frase nacionalista "sacrifica a tua vida para defender a tua pátria" foi substituída por "sacrifica a tua vida pela causa de Deus". Já o "caminho do bem" passa a ser "caminho islâmico" e “aqueles que estão condenados e se desviaram do caminho” são agora referidos como "cristãos e judeus".

Alterações aos manuais escolares geram polémica

O Governo sírio está a ser acusado de basear a educação no país em "ideologias extremistas" e adotar uma inclinação islâmica.

"A educação baseada em ideologias extremistas pode moldar indivíduos cujas ideias ameaçam a segurança regional e internacional", alertou Shiyar Khaleal, ativista e jornalista curdo, na rede social Facebook .
"A alteração do currículo escolar sob a supervisão do HTS [ Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham ou HTS, em árabe] não é apenas um perigo educativo, mas uma ameaça a longo prazo para o tecido social e o futuro da Síria", acrescentou.

Perante esta polémica, o ministro da Educação, Nazir Al-Qadri garantiu que "os currículos de todas as escolas sírias permanecerão como estão até que sejam formados comités especializados para os examinar".

Num comunicado divulgado na rede social Telegram, acrescentou que estas alterações se devem a "informações falsas" propagadas pelo antigo regime de Bashar al-Assad e que explicavam de "forma incorreta" alguns versículos do Alcorão.

Em entrevista à Reuters, no passado mês de dezembro, Nazir Al-Qadri garantiu que ambas as religiões cristã e islâmica vão continuar a ser ensinadas nas escolas do país.