
Dá-me ideia que muita gente está a passar ao lado destas eleições. Não são bem legislativas, são legispassivas. É possível que a indiferença esteja relacionada com o facto de as eleições já não parecerem um assunto sério. O discurso político está sequestrado pela infantilidade, como se vê na comunicação dos partidos, nos debates, na forma como os candidatos preferem o entretenimento leve ao escrutínio. É normal que não haja interesse: adultos não se imiscuem nos debates dos putos. As campanhas eleitorais, hoje em dia, são como um campo de férias. Duas semanas muito desgastantes, que acontecem todos os anos e que são dirigidas a um público juvenil.
Uma sondagem da Pitagórica inquiriu os portugueses sobre as suas percepções quanto a Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos. As perguntas colocadas aos cidadãos incluíram "Quem preferia ter como chefe no trabalho?"; "Confiaria a tarefa de organizar um evento de caridade?"; "Qual é o mais divertido?" e "Partilharia com este candidato uma viagem pelo Mundo?". São questões bem pertinentes, mas não suficientemente esclarecedoras.
Julgo que teria sido útil perguntar também aos portugueses "Quem acha que ganharia no jogo do STOP?", "Em quem confiaria para grelhar um robalo de mar de 2kg?", "Com quem é que preferia andar à porrada?", "Quem beijaria de língua num concerto de Nininho Vaz Maia?" e "Qual dos candidatos tem mais ar de saber arrotar o abecedário?".
Exige-se também falar da praga dos votómetros. A ferramenta que equipara o sufrágio a um quiz do Facebook de 2015, daqueles em que as pessoas descobriam a personagem do Friends com a qual eram mais parecidas. Uma vez que houve eleições há um ano e que os programas políticos sofreram poucas alterações, ainda havia esperança de que se dispensasse esse questionário em 2025. Mas não, lá anda ele a circular outra vez nos grupos de Whatsapp. Não há nada a fazer: concluímos que é impossível decidir em quem vamos votar se não for através de um jogo do Miniclip.