Da NASA à ESA, passando pela ambiciosa China e a aspirante a potência espacial Índia, as agências espaciais preparam feitos inéditos para explorar os limites do nosso Universo.

O ano de 2025 promete momentos marcantes no espaço, com missões científicas e avanços que marcarão a História. Da corrida à Lua aos vários lançamentos do mais poderoso foguetão de sempre, o Starship, passando por despedidas emocionantes como a da sonda Juno, estes são alguns dos eventos espaciais esperados para este ano:

Várias missões à Lua

Janeiro será um mês especial dedicado à Lua, com várias missões robóticas destinadas a alunagens:

  • O módulo Blue Ghost, da Firefly, será lançado num foguetão SpaceX Falcon 9 em meados de janeiro, transportando 10 cargas úteis da NASA. O objetivo é explorar a bacia de impacto Mare Crisium durante duas semanas.

SIC Notícias

Pelo menos 25 voos da Starship

O megafoguetão da SpaceX, o maior e mais poderoso foguetão alguma vez construído, deverá realizar até 25 lançamentos em 2025.

Entre as demonstrações previstas está o acoplamento em órbita de duas naves para transferência de combustível e uma missão não tripulada do sistema de aterragem lunar (Starship Human Landing System) que será usado no programa Artemis 3 da NASA, previsto para 2027.

Estações espaciais privadas

À medida que a era da Estação Espacial Internacional chega ao fim, as estações espaciais comerciais estão prestes a crescer e a aparecer.

A startup Vast, com sede na Califórnia, planeia lançar o Haven-1num Falcon 9 em agosto. Este posto avançado acolherá uma tripulação de quatro pessoas durante 30 dias e servirá de base para a construção da futuraHaven-2, uma estação espacial privada modular maior.

Haven-1
Haven-1 SIC Notícias

Adeus a Juno

Lançada em 2011, a missão Juno da NASA está na órbita de Júpiter desde julho de 2016. Após mais de uma década a explorar o gigante gasoso, em setembro Juno mergulhará na atmosfera do planeta. Este desfecho evita o risco de contaminação em luas como Europa, que poderá albergar vida.

A missão Juno da NASA capturou uma imagem de relâmpagos perto do polo norte de Júpiter. Na Terra, os relâmpagos têm origem nas nuvens de água e ocorrem com mais frequência perto do equador, enquanto em Júpiter os relâmpagos ocorrem em nuvens que contêm uma solução de amoníaco e água e são vistos com mais frequência perto dos polos.
A missão Juno da NASA capturou uma imagem de relâmpagos perto do polo norte de Júpiter. Na Terra, os relâmpagos têm origem nas nuvens de água e ocorrem com mais frequência perto do equador, enquanto em Júpiter os relâmpagos ocorrem em nuvens que contêm uma solução de amoníaco e água e são vistos com mais frequência perto dos polos. NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS, Image processing by Kevin M. Gill © CC BY

Será um momento parecido com o do desaparecimento da sonda Cassini, que ardeu na atmosfera de Saturno em 2017.

Novos Mapas do Universo

O observatório SPHEREx, da NASA, será lançado em fevereiro. Este telescópio criará um mapa 3D de 450 milhões de galáxias e 100 milhões de estrelas na nossa Via Láctea.

A nave do tamanho de um carro será lançada num foguetão Falcon 9 da SpaceX da Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia.

China quer recolher amostras de asteroide

A China alcançou uma série de marcos importantes no espaço nos últimos anos, construindo a sua própria estação espacial, recolhendo as primeiras amostras do lado oculto da Lua e aterrando em Marte, entre outros.

Agora quer realizar o seu primeiro projeto de amostragem de asteróides, com a missão Tianwen 2 planeada para ser lançada em maio num foguetão Long March 3B.

Tianwen 2 visitará o asteroide próximo da Terra Kamo'oalewa, numa missão que poderá determinar se o asteroide é na verdade um pedaço da Luaarrancado pelo impacto de um meteoro e abrir possibilidades para futuras missões chinesas de recolha de amostras de objetos no espaço profundo.

Índia aposta no programa de voo tripulado

A Índia pretende juntar-se à Rússia, aos Estados Unidos e à China como tendo capacidades independentes de voo espacial tripulado, com o seu programa Gaganyaan.

A Organização Indiana de Investigação Espacial (ISRO) está a planear um primeiro voo tripulado em 2026, mas em 2025 realizará importantes voos de teste, incluindo o voo não tripulado G1 que transortará um robô humanoide chamado Vyomitra (“amigo do espaço” em sânscrito).

Estreia de novos foguetões

O ano testemunhará também os voos de estreia de novos foguetões de todo o mundo - incluindo o Neutron da Rocket Lab, o RFA One da Rocket Factory Augsburg na Alemanha, o Zhuque-3 da Landspace na China , o Nova da Stoke Space e o europeu Ariane 6.

Nadia Imbert-Vier / ESA

A versão mais potente do novo foguetão europeu de carga pesada, o Ariane 6, deverá realizar o seu voo inaugural este ano, depois de vários atrasos. Com este novo foguetão será possível chegar à órbita terrestre e ao espaço profundo, o que facilita a navegação europeia, a observação da Terra, os programas científicos e de segurança.

Este lançamento será um marco importante para a Europa, para reforçar a sua independência e competitividade no mercado global de transporte espacial, essencial para missões científicas e comerciais.

Despedidas de missões científicas

Dois emblemáticos observatórios espaciais da ESA terminam as operações este ano:

  • Integral, o observatório de raios gama que desde 2002 tem investigado os fenómenos mais extremos do universo, como buracos negros e explosões de supernovas, encerra operações após mais de duas décadas de serviço.
  • Gaia conclui uma década a fazer um mapa das estrelas da Via Láctea mas os seus dados continuarão a alimentar estudos e descobertas.

Ilustração da sonda Gaia sobre imagem da Via Láctea
Ilustração da sonda Gaia sobre imagem da Via Láctea ESA

Novas missões e dados promissores

Enquanto algumas missões terminam, outras começam:

  • O telescópio espacial Euclid, lançado em 2023, promete divulgar a sua primeira coleção de dados completos em 2025. Euclid tem como objetivo investigar como a matéria escura e a energia escura influenciam a formação e evolução do Universo como o conhecemos e resolver alguns dos maiores mistérios do cosmos. Durante os próximos seis anos, Euclid vai analisar as formas, distâncias e movimentos de milhares de milhões de galáxias até 10 mil milhões de anos-luz. O objetivo é criar o maior mapa cósmico tridimensional jamais feito, permitindo aos astrónomos estudar a evolução do Universo ao longo de milénios.
  • A ESA também lançará novos satélites no âmbito do programa Copernicus, incluindo o Sentinel-4, integrado num satélite Meteosat de última geração, o Sentinel-5, que monitorizará a atmosfera terrestre, Sentinel-1D, Sentinel- 6B e Biomass.
  • A missão SMILE(Solar Wind Magnetosphere Ionosphere Link Explorer), uma parceria com a Academia Chinesa de Ciências, irá estudar como o vento solar interage com o campo magnético da Terra.

  • A ESA dá início ao programa europeu Launcher Challenge para apoiar o desenvolvimento da indústria europeia de transporte espacial comercial.
  • Nos voos espaciais tripulados, o astronauta polaco do projecto ESA, Sławosz Uznański, voará para a ISS na missão comercial Axiom-4.

A ESA está também presente no projeto Artemis de regresso à Lua. Artemis II será lançado com o segundo Módulo de Serviço Europeu, na primeira missão tripulada em torno da Lua desde 1972.

O módulo de serviço europeu da ESA que alimenta a nave Orion da NASA, a Terra e a Lua, a 28 de novembro de 2022, no 13º dia de voo da missão Artemis I, a 432.210 km de nosso planeta e a mais de 64.000 km da Lua.
O módulo de serviço europeu da ESA que alimenta a nave Orion da NASA, a Terra e a Lua, a 28 de novembro de 2022, no 13º dia de voo da missão Artemis I, a 432.210 km de nosso planeta e a mais de 64.000 km da Lua. NASA

Missões em curso

Além de todas estas missões programadas para lançamento (ou fim) em 2025, haverá também uma série de voos a diversos corpos planetários por missões em curso:

  • BepiColombo que vai sobrevoar Mercúrio,
  • Europa Clipper , lançada a 14 de outubro de 2024, numa viagem para explorar Europa, o mundo oceânico de Júpiter.
  • A missão europeia de defesa planetária Hera
  • Lucy que explora asteroides na cintura principal de asteróides do sistema solar
  • JUICE sobrevoa Júpiter e as suas luas geladas.
  • Sonda Solar Parker que está às voltas com o Sol

Sem esquecer as atividades já regulares de idas e vinda à Estação Espacial Internacional e à estação espacial da China Tiangong.