A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu em alta a previsão do crescimento da economia portuguesa para 1,7% em 2024, mantendo a estimativa de 2% para 2025, segundo o relatório divulgado esta quarta-feira.

Apesar desta revisão em alta, que compara com uma estimativa de 1,6% em maio, a previsão da OCDE continua abaixo da projeção do Governo para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, que é de 1,8%, bem como para o próximo ano, de 2,1%.

Enquanto o rendimento disponível e o consumo privado estão a aumentar, nomeadamente com as reduções de impostos, as receitas do turismo moderaram-se e persiste a escassez de mão-de-obra.

A OCDE aponta, no relatório Economic Outlook, que "os fundos europeus e uma política monetária mais flexível estão a impulsionar o investimento", enquanto a "recuperação projetada da atividade nos parceiros comerciais europeus apoiará as exportações".

"O forte crescimento salarial e as elevadas taxas de emprego vão aumentar o consumo, especialmente à medida que a inflação e os custos do serviço da dívida diminuem", nota a organização, admitindo que ainda que os cortes de impostos, aumento das transferências sociais e os salários públicos mais elevados apoiem os rendimentos das famílias, "também abrandarão o declínio da inflação".

A previsão da OCDE para a inflação em Portugal, medida pelo índice harmonizado, é de uma taxa de 2,7% em 2024 e 2,2% em 2025.

"A inflação global dos preços no consumidor moderar-se-á para 2,1% até 2026, à medida que os preços da energia e dos produtos alimentares se estabilizarem e as pressões sobre os preços dos serviços diminuem lentamente", prevê a organização.

Entre os riscos para estas projeções encontra-se uma nova diminuição da taxa de poupança das famílias e uma evolução salarial mais forte do que o esperado, que "fortaleceriam o consumo, mas também alimentariam a inflação".

Por outro lado, a implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) "poderá materializar-se mais lentamente do que o previsto, implicando um menor crescimento e inflação mais baixa".

A OCDE tem ainda estimativas que apontam que "os excedentes orçamentais persistentes e o elevado crescimento nominal irão reduzir a dívida pública para 89,3% do PIB em 2026".

Quanto às recomendações, a organização diz que é "necessário um crescimento sustentado da produtividade, um aumento do emprego e uma despesa pública mais eficiente para enfrentar o rápido envelhecimento da população e necessidades significativas de investimento, nomeadamente em capital humano".

A OCDE aconselha ainda o fortalecimento da tributação ambiental e patrimonial, "protegendo simultaneamente os grupos vulneráveis", bem como reduzir as barreiras à entrada nos serviços e melhorar os serviços de acolhimento de crianças para famílias de baixos rendimentos, que "poderiam aumentar ainda mais a participação das mulheres na força de trabalho e aliviar a escassez de mão-de-obra".