![Os ídolos de Pinto da Costa, o](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
Crítico do centralismo de Lisboa, o antigo líder do FC Porto teve vários episódios de tensão com o poder central mas também chegou a estar de costas voltadas com a autarquia portuense.
Fora do desporto, Pinto da Costa teve dois ídolos: Humberto Delgado e Ramalho Eanes.
"O meu primeiro ídolo foi o Humberto Delgado, o 'General sem Medo'. Com o Presidente Ramalho Eanes criei uma boa relação. Mantivemos contacto e até hoje é a pessoa que mais admiro no contexto da vida nacional", contou.
“Tive muitos convites para entrar na política. Alguns disparatados”
Jorge Nuno Pinto da Costa nunca perdeu de vista a política e os políticos mas nunca quis cargos públicos.
"Tive muitos convites para entrar na política. Alguns disparatados, como por exemplo para o Parlamento Europeu. Está a ver-me no Parlamento Europeu? Para a Câmara Municipal do Porto, tive vários convites de vários partidos", explicou.
Como presidente do FC Porto, foi portador da bandeira da regionalização contra aquilo a que chamava centralismo de Lisboa.
"Quando se diz um 'jogador à Porto' é um jogador que sente a camisola, não a do clube, a camisola da cidade, da região, sente porque se está a lutar. Não é o Porto contra os outros, não é contra Lisboa, é contra o centralismo de Lisboa", disse.
Nesta luta, acumulou episódios caricatos como o caso da penhora do Estádio das Antas em 1994, era Eduardo Catroga o ministro das Finanças.
As críticas ao poder central e local
Apesar desses incidentes, manteve relações de cordialidade com alguns políticos, como por exemplo, José Sócrates, que chegou a visitar na prisão de Évora, mas nunca fugiu às críticas ao poder central e mesmo com o poder local, nem sempre a relação foi pacífica.
Clube e autarquia estiveram de costas voltadas nos mandatos de Rui Rio. O então autarca portuense e Pinto da Costa entraram em rota de colisão devido à construção do Estádio do Dragão. Rio decidiu que o clube só poderia construir um quarto da área comercial pretendida.
O presidente do clube suspendeu as obras, mas Rio não cedeu, apesar das tentativas de mediação do Presidente da República Jorge Sampaio, e de reuniões agendadas que Pinto da Costa trocava por encontros com o presidente da Câmara Municipal de Gaia.
"Não sou o Santo António, que esteve uma vez em Pádua e em Lisboa ao mesmo tempo", afirmou na altura.
Foram 19 anos até o FC Porto voltar a festejar nos Paços do Concelho da cidade do Porto. Rui Moreira reabriu as portas, numa relação que começou próxima e perdeu força entre críticas a Sérgio Conceição e ao regresso do filho Francisco e a saída do Conselho Superior do clube antes das últimas eleições.
Pinto da Costa não poupou o autarca no último livro, ao enumerar quem gostaria de ter no funeral.
Sem papas na língua, até ao último dos seus dias, perante a cidade, a região e o país, foi assim Jorge Nuno Pinto da Costa.