Fortes explosões foram ouvidas em Srinagar, a principal cidade de Caxemira controlada pela Índia, e a eletricidade foi cortada, apenas algumas horas depois de a Índia e o Paquistão terem anunciado um cessar-fogo, avançaram as agências internacionais.

Embora não se conheçam as causas das detonações, o Governo indiano acusou Islamabade de ter violado o cessar-fogo, adiantou a agência francesa de notícias AFP, citando uma fonte do executivo de Nova Deli.

Os moradores de Srinagar relataram ter visto vários objetos a voar pela cidade e a cair nos arredores.

"Mas o que raio se passou com o cessar-fogo? Ouviram-se várias explosões em toda Srinagar!", escreveu o chefe do Governo regional da Caxemira administrada pela Índia, Omar Abdullah, nas redes sociais.

Algumas zonas daquela cidade ficaram também sem eletricidade, mas as autoridades não foram informadas sobre as causas do corte do serviço.

Comunidade internacional celebrou cessar-fogo entre Índia e Paquistão

O cessar-fogo hoje anunciado entre a Índia e o Paquistão foi celebrado pela comunidade internacional, que considerou tratar-se de uma decisão responsável e pediu que a trégua se transforme em paz duradoura.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, elogiou o acordo de cessar-fogo, dizendo esperar que conduza a uma "paz duradoura".

"O secretário-geral congratula-se com o acordo de cessar-fogo entre a Índia e o Paquistão como um passo positivo para pôr fim às atuais hostilidades e reduzir as tensões", afirmou o seu porta-voz em comunicado.

Guterres "espera que este acordo contribua para uma paz duradoura e crie um ambiente propício à resolução de questões mais amplas e antigas entre os dois países".

Para o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, os dois países em causa fizeram "uma escolha de responsabilidade".

Sublinhando "a necessidade de continuar a luta contra os grupos terroristas", Jean-Noël Barrot afirmou, nas redes sociais, que "a França encoraja as partes a garantir um cessar-fogo duradouro".

Também o Reino Unido se congratulou com o acordo, tendo o chefe da diplomacia britânica, David Lamy, sublinhado que se trata de uma cessar-fogo "extremamente bem-vindo".

"Peço a ambos os lados que mantenham a postura. A diminuição da tensão é do interesse de todos", acrescentou o ministro britânico, em declarações publicadas nas redes sociais.

Em Berlim, o ministro dos Negócios Estrangeiros descreveu o acordo como "um primeiro passo importante para acabar com a espiral de escalada" do conflito.

"O diálogo é essencial. O Governo alemão tem mantido contacto com ambas as partes nos últimos dias", acrescentou o ministério numa mensagem nas redes sociais.

Também no Médio Oriente, as reações foram de celebração, com o Irão -- qu se tinha proposto como mediador do conflito -- a manifestar esperança de que este acordo possa "garantir uma paz duradoura".

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, Esmail Baghai, pediu ainda que ambos os países "aproveitem esta oportunidade para reduzir as tensões e estabelecer uma paz duradoura na região".

Otimismo foi também a reação da Arábia Saudita que pediu a "restauração da segurança e da paz na região".

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita elogiou ambos os lados por "exercerem sabedoria e contenção" e reiterou o seu apoio à resolução das disputas "através do diálogo e de meios pacíficos".

Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Paquistão disse ter falado com o seu homólogo da China, Wang Yi, que elogiou "a contenção demonstrada pelo Paquistão" na crise entre as duas potências nucleares do Sul da Ásia.

O princípio de nova tensão

O conflito começou na sequência de um atentado, em 22 de abril, em Pahalgam, uma cidade turística na parte indiana da região disputada de Caxemira, no qual morreram 26 pessoas.

A Índia acusou o Paquistão de apoiar o grupo extremista que responsabilizou pelo ataque, uma acusação que Islamabade negou veementemente.

A escalada do conflito foi muito rápida e culminou com ataques maciços contra alvos militares.

Hoje, a Índia e o Paquistão anunciaram um cessar-fogo imediato, mediado pelos Estados Unidos, que visava acabar com a escalada de violência iniciada a 22 de abril e que provocou quase 100 mortos.

Os responsáveis das operações militares de ambos os países voltam a reunir-se na próxima segunda-feira para acertar mais pormenores.