"Vocês são o Conselho de Segurança, atuem. Parem estes atos criminosos com resoluções. Podem fazer isto, têm o poder, porque caso contrário tornar-se-ão irrelevantes", disse Mansour, durante uma sessão do Conselho de Segurança da ONU focada na situação humanitária em Gaza. 

"Tornem a guerra inaceitável. Este é um momento histórico em que devem decidir de que lado estão. Os próximos dias são cruciais", acrescentou. 

O representante palestiniano apelou ainda para o regresso de um cessar-fogo como "o único caminho a seguir" para a paz na Faixa de Gaza, algo que considerou um cenário distante porque, embora "a administração de Donald Trump tenha dado prioridade aos reféns", o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, está a "colocar a sobrevivência política em primeiro lugar". 

Segundo os meios de comunicação israelitas, a equipa de defesa de Netanyahu solicitou a suspensão da audiência marcada para terça-feira nos casos de corrupção que enfrenta, argumentando que o foco devia estar na situação em Gaza. 

Imediatamente a seguir às declarações de Mansour, o vice-embaixador de Israel na ONU, Jonathan Miller, considerou a retomada da ofensiva brutal de Israel como "uma necessidade", descrevendo os bombardeamentos como "ataques de precisão" contra "criminosos do Hamas". 

De acordo com o Ministério da Saúde do enclave palestiniano, as mulheres e as crianças representam 65% das mais de 400 mortes registadas desde a noite passada. Além disso, morreram 109 homens e 32 idosos, cujo género não foi especificado no número de fatalidades. 

"Se há sofrimento em Gaza, não é por falta de assistência, mas porque o Hamas raptou toda a população civil para os objetivos de guerra (...), garantindo que nem a ajuda humanitária chega lá", disse Miller, que desafiou o Conselho ao afirmar que "Israel não aceitará sermões" da comunidade internacional. 

No encontro, a maioria dos diplomatas criticou o reinício dos ataques israelitas, com a o Reino Unido, por exemplo, a considerar o número de vítimas assustador e a sublinhar que este conflito não pode ser resolvido por meios militares. 

Por sua vez, a representante interina dos Estados Unidos na ONU, Dorothy Shea, colocou toda a culpa do reinício das hostilidades "exclusivamente no Hamas", advogando que "esta brutal organização terrorista recusou firmemente todas as propostas e prazos que lhe foram apresentados nas últimas semanas". 

"É o povo de Gaza que vai sofrer ainda mais por causa do desrespeito do Hamas pela vida humana", garantiu a diplomata norte-americana. 

Entretanto, o vice-embaixador da Rússia na ONU, Dmitry Polyanskiy, criticou a ofensiva israelita, argumentando que o Estado judaico forçou a Palestina e a comunidade internacional "a voltar a um clima de incerteza" com outra "tragédia de dimensões bíblicas". 

Uma interpretação partilhada pelo representante permanente da China na ONU, Fu Cong, que instou Israel a cessar as violações do direito internacional humanitário e a "deixar de lado a obsessão em punir coletivamente os civis em Gaza". 

 

MYMM // EJ 

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