O Vaticano informou, esta segunda-feira, que foi necessário alterar o tratamento à infeção respiratória do Papa Francisco para lidar com uma “situação clínica complexa”. O Sumo Pontífice está internado há quatro dias na sequência de uma infeção polimicrobiana das vias respiratórias.
“Os resultados dos exames médicos efetuados nos últimos dias e hoje revelaram uma infeção polimicrobiana das vias respiratórias, o que levou a uma nova alteração da terapia", lê-se numa nota divulgada no site Vatican News .
Esta é a quarta vez que o Papa Francisco é hospitalizado no Hospital Gemelli, em Roma.
O que é uma infeção polimicrobiana?
Como o nome indica, este tipo de infeção pode ser provocada por dois ou mais microorganismos como um vírus, fungos, bactérias ou parasitas e pode levar a doenças crónicas ou agudas e de curta duração.
"Nestas infeções, a presença de um microrganismo gera um nicho para a colonização de outros microrganismos patogénicos, um microrganismo predispõe o hospedeiro à colonização por outros microrganismos ou dois ou mais microrganismos não patogénicos causam a doença em conjunto", explica um estudo publicado na revista científica The Lancet ,
O Papa Francisco tinha sido internado, na passada sexta-feira, para realizar exames e receber tratamento para uma bronquite que persistia há vários dias.
Existem três tipos de bronquite:
- Aguda - provocada por infeções respiratórias, virais ou bacterianas e dura apenas algumas semanas. Não requer de um tratamento médico específico e desaparece com o tempo.
- Crónica - Os sintomas prologam-se durante pelo menos três meses e em dois anos consecutivos. Pode ser provocada por tabagismo prolongado, exposição a poluentes do ar ou infeções respiratórias recorrentes.
- Asmática - Este último tipo de bronquite está relacionada com a asma que consiste numa doença inflamatória crónica dos brônquios.
Agostinho Marques, pneumologista, explica que em pessoas desta faixa etária é comum as bactérias do próprio doente, presentes nas fossas nasais ou na boca, infetarem a tranqueia e os brônquios dando origem a uma bronquite bacteriana.
"Estas situações são sem importância nenhuma, mas numa pessoa como o Papa são de grande risco. As complicações que podem ocorrer podem pôr a vida em risco", explica.
Passado de doenças do Papa Francisco
O Papa argentino, que teve parte de um pulmão removido após uma infeção pulmonar quando era jovem, é conhecido pelo ritmo extenuante de trabalho que mantém, apesar da sua saúde estar cada vez mais debilitada.
Usa cadeira de rodas, andarilho ou bengala por causa de problemas nos joelhos e sofre de dores no nervo ciático.
Em 2021, foi-lhe removido um pedaço (33 centímetros) do cólon e, em 2023, foi submetido a outra cirurgia para remover tecido cicatricial intestinal e reparar uma hérnia abdominal.
Quando teve um caso grave de pneumonia, em 2023, saiu do hospital ao fim de três dias e só depois reconheceu que tinha sido internado de urgência depois de se sentir fraco e com uma dor aguda no peito.
- Com Lusa
[Artigo atualizado às 00:13]