O Podemos acusa Orlando Modumane, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), de fazer "vários pronunciamentos acusatórios" contra o partido, alegando ser este o que ordena a invasão a subunidades policiais, estabelecimentos penitenciários e roubo de armas, visando, depois, fazer um golpe de Estado.
"São pronunciamentos que mancham o bom nome do partido Podemos (...). Estas palavras deixaram-nos preocupados porque olhamos nelas uma incitação ao ódio, a diabolizar aquilo que é a luta do partido Podemos pela reposição da verdade eleitoral", disse Sebastião Mussanhane, secretário-geral do Podemos, logo após submeter a queixa-crime na procuradoria da cidade de Maputo.
O responsável pediu que a PGR dê o "devido seguimento" à queixa-crime para que o bom nome do partido seja reposto, considerando que as ações policiais, neste momento, são "políticas e não de segurança".
"Nós vimos uma PRM que despiu aquilo que são os seus princípios, aquilo que é o seu ordenamento jurídico e vestiu-se de política", disse o secretário-geral do Podemos, acusando ainda a polícia de perseguir alguns membros do partido.
Moçambique vive desde 21 de outubro sucessivas paralisações e manifestações de contestação dos resultados das eleições gerais de 09 de outubro, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que já causaram pelo menos 110 mortos e mais de 300 feridos em resultado dos confrontos violentos entre a polícia e manifestantes, segundo um balanço atualizado pela Organização Não-Governamental (ONG) Plataforma Eleitoral Decide.
Os resultados das eleições de 09 de outubro anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) deram a vitória, com 70,67% dos votos, a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder, e colocaram Venâncio Mondlane em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
Num dos seus últimos diretos a partir da rede social Facebook, Mondlane prometeu estar em Maputo para tomar posse como Presidente de Moçambique no dia 15 janeiro, data prevista para a tomada de posse do novo chefe de Estado.
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